A banda mato-grossense O Mormaço Severino lançou, nessa quinta-feira (7), o videoclipe da emblemática canção ‘Eu quero ver o pôr do sol da Sete de Setembro’. A produção filmada em Cáceres-MT, e já disponível no Youtube, dialoga com vivências reais dos integrantes do grupo e apresenta uma alegoria dos contrastes entre os sonhos e a realidade de artistas invisibilizados nas periferias do Brasil.
O enredo do clipe acompanha o dia do Palhaço, representação de um artista e trabalhador do comércio da Avenida Sete de Setembro, na cidade de Cáceres, Pantanal de Mato Grosso. À espera do horário do pôr do sol que anuncia o fim da labuta, sem perder a ternura, ele encontra hostilidade e afeto nas ruas. Afeto que reconhece, mais tarde, entre os conterrâneos da banda O Mormaço Severino, nos palcos.
"Escrevi a música em 2010 na época em que eu trabalhava em uma pequena empresa de animação. Atendíamos a domicílio, festas e lojas (o pior lugar). Acordava às 6h para me vestir, maquiar e abrir um comércio na Sete de Setembro. Eu literalmente derretia, passava o dia inteiro sem poder coçar a cara. Ansiava pela chegada do pôr do sol, quando acabava o expediente. Por isso o pôr do sol na música é um símbolo do alívio, do sonho, da liberdade", relata o compositor e músico Rauni Vilasboas, que assina o roteiro do videoclipe com o diretor Leandro Peska.
Enquanto a arte imita a vida no enredo do Palhaço, a banda O Mormaço Severino aparece em cena durante toda narrativa audiovisual. "O que pode ser interpretado como uma representação daquilo que o protagonista almeja. O que nós artistas seguimos buscando: viver dignamente da nossa arte, estar nos palcos e sermos reconhecidos”, revela Rauni.
A canção ‘Eu quero ver o pôr do sol da Sete de Setembro’ integra o álbum de estreia da banda nas plataformas digitais 'Cântico das ruas estreitas', lançado em 2021. Assim como o álbum, o videoclipe foi viabilizado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), desta vez, por meio do Edital Audiovisual e MT Criativo.
O videoclipe tem direção de fotografia de João Pedro Regis, direção de arte de Manoel Vieira, direção de produção de Raylla Borges, figurino e beleza de Maria Reis, montagem e edição de André Zambonini, tratamento de cor de Marcelo Sant'Anna e produção executiva de Maria Clara Cabral. O elenco também contou com participações e figuração da turma de Atuação da MT Escola de Teatro de Cáceres, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Confira abaixo a ficha técnica completa.
Cáceres e seu realismo fantástico
Realizador audiovisual também de Cáceres, o diretor Leandro Peska destaca a inserção de imagens da cidade como um elemento importante na construção da narrativa do videoclipe de ‘Eu quero ver o pôr do sol da Sete de Setembro’, criando identificação. As cenas foram gravadas no comércio A Nossa Loja, na avenida Sete de Setembro, na casa de eventos Espaço Bosque, também no centro da cidade, e nas ruas do bairro Vila Irene.
"Cáceres está presente em todo processo criativo da banda e, portanto, não é só um cenário, mas também personagem do clipe e da canção. Eu acho que esse trabalho consegue expressar um certo realismo fantástico presente no cotidiano da cidade. O contraste entre a dureza do calor e da dificuldade financeira, a beleza do Pantanal, a melancolia de uma cidade centenária que se mantém viva na presença da natureza e no movimento criativo das pessoas que vivem aqui. Principalmente dos nossos artistas que tornam a vida mais suportável, ajudando a criar um imaginário sobre Cáceres que é muito singular", complementa.
Quem dá vida ao Palhaço é outro artista cacerense, o ator, formador de teatro, fã e amigo pessoal da banda Ismael Diniz. Segundo Rauni, "o clipe já foi pensado para ele atuar". A florista, personagem que desperta e personifica o afeto do protagonista, é interpretada pela vocalista da banda, Jheine Lima, com toda sua expressividade nas telas e nos palcos. Ela comemora a nova conquista.
"Esse trabalho é muito especial pra nós, porque é o nosso primeiro clipe profissional, com equipe e recursos. Ele apresenta a história de uma canção muito querida pelo público e emblemática no nosso repertório. Já são 14 anos de banda e inúmeras dificuldades de fazer música autoral no interior de Mato Grosso, inclusive dentro da nossa própria cidade. E sabemos da importância que o audiovisual tem hoje na difusão musical", destaca Jheine, que além de artista, é também professora de artes e língua inglesa.
O Mormaço Severino
Banda de rock alternativo, O Mormaço Severino nasceu nos movimentos culturais das periferias de Cáceres, e vem defendendo a música autoral em Mato Grosso desde 2009. Na voz potente de Jheine Lima, as composições do também guitarrista Rauni Vilasboas expressam vivências nas ruas da cidade ribeirinha, histórica e universitária em sons melódicos e psicodélicos com regionalismos. Somam aos vocais e guitarra, o baixo de Ronaldo Gonçalves, o teclado de Diego Vicente, a percussão de MC Fernandes e a bateria de Luis Guilherme.
Com a atual formação, a banda passou a se apresentar em diversos eventos e festivais pelo estado a partir de 2015, após vencer o Festival IV Mato Rock de Músicas Autorais de Mato Grosso com a canção 'Epopeia de um Infortúnio Cacerense'. Em 2020, lançou o show audiovisual 'Ensaio sobre a cidade' e, em dezembro de 2021, seu primeiro álbum de estúdio, 'Cânticos das Ruas Estreitas’. Atualmente, a banda trabalha na produção do segundo álbum com lançamento previsto para início de 2024.
O Mormaço Severino é uma das atrações da 3ª edição do Festival Vambora no dia 30 de setembro na Arena Pantanal, em Cuiabá, com shows de Criolo e diversos artistas de Mato Grosso.
Ficha técnica
Roteiro: Leandro Peska e Rauni Vilasboas
Direção: Leandro Peska
Ass. de Direção: Raylla Borges
Produção executiva: Maria Clara Cabral
Direção de Fotografia: João Regis
Ass. de Câmera: Pedro Coelho
Direção de Arte: Manoel Vieira
Direção de Produção: Raylla Borges
Produtores: Cris Matogrosso e Eliel Lima
Elenco: Ismael Diniz (o palhaço), Jheine Lima (florista e vocalista), Rayane Lemes (dona da loja), Hernandes Oliveira (homem)
O Mormaço Severino: Jheine Lima, Rauni Vilasboas, Luís Guilherme, Diego Vicente, MC Fernandes e Ronaldo Gonçalves
Direção de Elenco: Ismael Diniz
Figurino e Beleza: Maria Reis
Make-up e Ass. de Beleza e Figurino: Camila Barbosa
Montagem e Edição: André Zambonini
Color: Marcelo Sant'Anna
Still: Lucas Batista
Identidade visual: Nara Selva
Assessoria de comunicação: Maria Clara Cabral
Agradecimento especial: A Nossa Loja e Eva da Silva, Secretaria Municipal de Fazenda e Coordenadoria Executiva de Trânsito de Cáceres-MT.
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