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14/09/2020 às 09:13

Artesanato cuiabano é tema em site-galeria do fotógrafo Fred Gustavos

O projeto ‘Cuiabanato - Retratos de artesãos’ será lançado na segunda-feira (14), com um circuito de conversas online até o dia 20

Maria Clara Cabral

Artesanato cuiabano é tema em site-galeria do fotógrafo Fred Gustavos

Dona Marcelina, doceira

Foto: Fred Gustavos

Destaque no meio artístico, tanto no segmento visual, quanto na divulgação e cobertura de diversos projetos, o fotógrafo Fred Gustavos mergulha no registro da cultura popular em seu novo trabalho‘Cuiabanato - Retratos de artesãos’, quebusca lançar luz às expressões da identidade cuiabana.

Nesta segunda-feira (14), ele lança umsite-galeria dedicado à exposição de mais de 300 obras, que resultam de ensaios com artesãos que vivem e produzem na capital mato-grossense.Oprojeto foi contemplado pelo Fundo 2019 da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo de Cuiabá.

Fred Gustavos já vinha documentando perfismato-grossensesque atuam em diferentes linguagens, como a música e as artes cênicas. Em ‘Cuiabanato’, o retrato, um de seus estilos característicos, também ganha destaque no registro de trabalhadores das artes manuais.

“Uma das características emocionantes do retrato é encontrar a semelhança dos homens e tudo o que descreve seu meio. É a fotografia conseguindo revelar um universo todo por traz dessas pessoas: o estilo de vida dela, as ferramentas, o saber fazer, as tradições, o próprio ateliê, que constitui toda uma mística”, destaca Fred.


Ozir Moraes, ceramista. Foto: Fred Gustavos

Para o fotógrafo, a beleza do novo trabalho está justamente na potência do encontro entre as artes do artesanato e da fotografia. “Enquanto eles são artesãos com as mãos, a câmera é meu artifício de artesania, a minha ferramenta de lapidar e desenhar uma documentação mais sensível”, explica o fotógrafo.

“Uma das coisas que mais me tocou nesse trabalho foi adentrar esses universos criativos e foi bem possível porque todos eles foram muito generosos. Então a gente acaba que entrando em sintonia, sendo fisgado pela singeleza que eles têm de transformar um barro, um tecido, um caju em um doce super refinado”, diz Fred, parafraseando a conterrânea Tetê Espíndola, “Mato é Grosso, mas a coisa é fina”.

Impedido de ir a campo durante a pandemia da covid-19, Fred Gustavos decidiu trabalhar um amplo acervo fotográfico que começou a ser construído através de uma parceria com o Sesc Mato Grosso, em 2019.Do processo de documentação intimista dos artesãos, ele elencou dezrepresentantes de segmentos que constituem o patrimônio cultural de Cuiabá: viola de cocho, cerâmica, culinária, artefatos de reciclagens.

Paraapresentar ao público seu novo trabalho, o artista preparou um ‘Circuito de conversas’, com especialistas convidados, sobre assuntos que perpassam a prática do artesanato e suas contribuições para a construção da identidade cultural.

Serão seis encontros online, transmitidos ao vivoaté o dia 20 de setembro pelo
FacebookeYoutubede Fred Gustavos. Os temas dialogam com os estudos culturais e saberes populares com diversas áreas do conhecimento, como a filosofia e a psicologia.

Osmar Vigílio, ceramista. Foto: Fred Gustavos
Site-galeria como ‘catálogo’ cultural

Em sua primeira exposição individual, ‘Flora et Lumen’, Fred Gustavos reuniu registros da biodiversidade botânicade nossa região,após ser consagrado finalista do reality show nacional ‘Arte na Fotografia’.Para a artista visual e pesquisadora Mari Gemma De La Cruz, ao fotografar os artesãos, Fred Gustavos novamente constrói, através da imagem, uma espécie de catalogação – desta vez de códigos, usos e costumes.

“A câmera fotográfica, instrumento do seu trabalho, é capaz de arquivar a realidade, de organizar a memória e ativar questões culturais, políticas e sociais. A galeria virtual apresentada para este projeto, com mais de trezentas imagens, sistematiza e armazena estes registros, estabelecendo uma coleção que possibilita adentrar ao mundo destas artesãs e artesões”, explicaMari Gemma,que acompanha o trabalho de Fred desde ‘Flora et Lumen’.

Assim, ‘Cuiabanato’ apresenta não só uma plataforma de difusão da pesquisa documental e fotográfica, mas de incentivo e fomento de trabalhos manuais artísticos e identitários de um povo e seus realizadores.

E em contexto pandêmico, que retoma reflexões sobre acesso a bens culturais, o projeto propõe ainda o uso do espaço virtual para ampliar a circulação da produção cuiabana, especialmente aquela distante das grandes galerias físicas.

“Quantos de nós conhecemos a produção artística visual da cidade em que vivemos? Quanto do que é produzido nas comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, nos bairros periféricos à nossa volta, é desconhecido e ignorado por nós?”, questiona a ceramista e pesquisadora Ludmila Brandão, PósDOC em Crítica Cultural e de Arte.

“Mais do que nunca, vemos o quanto é necessário e possível reinventar tais instituições, criar novos modos que façam chegar a todos, em todos os lugares, a visibilidade/audibilidade daquilo que é nosso bem comum”, explica, em texto de apresentação do projeto.

Circuito de conversas

O c
ircuito de conversasque integra o lançamento de‘Cuiabanato - Retratos de artesãos’ ocorre entre os dias 14 e 20 de setembro, em transmissões ao vivono Facebook e Youtube de Fred Gustavos. Os encontros serão mediados pela multiartista e Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea Thereza Helena.

Confira a programação completa:

Segunda-feira (14), às 19h30
Lançamento e conversa com o fotógrafo Fred Gustavos – Cuiabanato, fotografia e afetos;

Terça-feira (15), às 19h30
Morgana Moura – O fazer artístico e a recriação de si. Onde a psicologia encontra a arte?

Quarta-feira (16), às 19h30
Mari Gemma De La Cruz – Artesanias fotográficas.

Quinta-feira (17), às 19h30
Ludmila Brandão - O artesanato e seu lugar na arte.

Sábado (19), às 19h30
Maurília Valderez – O que o artesanato dá a pensar? A vida como obra de arte;

Domingo (20), às 17h30
Nice Aretê - Vida e obra: Um chamado à arte da cerâmica


Fred Gustavos

Fred Gustavos é artista visual e fotógrafo, nascido em Cuiabá (MT), em 1987. Há pouco mais detrês anosse dedicando exclusivamente à fotografia, além dos projetos autorais, ele desenvolve trabalhos de divulgação e cobertura de projetos culturais, especialmente na área das artes cênicas.

Graduandoem Administração pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), deparou-se com a fotografia como demanda, trabalhando no ramo de Arquitetura e Decoração. Ademais, já se identificava com as artes plásticas; pintava com nanquim e buscou na fotografia “outra forma de desenhar”.

Sua grande descoberta foi o gênero autorretrato, conduzido pela fotógrafa Jacqueline Hoofendy (RJ). No currículo, exposições coletivasno circuito nacional e internacional Festival Internacional Paraty em Foco, FestivalInternacional La Boca Erótica em Madrid no Circulo de Bellas Artes da Espanha.

Já foi convidado a cobertura e mostra de sua fotografia cênica no NTL Festival do Odin Theatret em Holstebro na Dinamarca, Festival Foto em Pauta de Tiradentes, Foto Sururu em Maceió, Museu de Imagem e Som de São Paulo (MIS/SP), Museu de Arte e Cultura Popular (MACP/UFMT), Galeria Artô, Sesc Mato Grosso e já recebeu menções honrosas no concurso Maratona Fotográfica.

Com assessoria
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