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Notícias / Agro e Economia

29/10/2021 às 19:52

Semente de soja plantada em fevereiro tem melhor desempenho que em dezembro

Produtividade da soja se torna de 5 a 10 sacas menor por hectare, mas compensa na redução drástica de fungicidas

Débora Siqueira

Semente de soja plantada em fevereiro tem melhor desempenho que em dezembro

Foto: George Dias/Aprosoja

Por meio de pesquisa científica, foi provado que a semeadura da semente de soja em fevereiro é melhor do que no mês de dezembro, por reduzir o uso de fungicidas, melhor qualidade da semente e menor intensidade da ferrugem asiática. O estudo propõe a substituição dos atuais plantios realizados no final de fevereiro, essencialmente para produção de sementes próprias ou comerciais, por uma pequena janela em fevereiro.
 
Os pesquisadores frisam que não propõem a extensão do calendário do plantio da safra de setembro a fevereiro, nem sequência de soja sobre soja, mas uma interrupção do plantio em pelo menos 60 dias na maioria das regiões e isto correrá quando grande parte das lavouras no entorno já terão sido colhidas. As novas semeaduras, em áreas limitadas e cadastradas, com uso de fungicidas multissítios, serão colhidas antes do início do vazio sanitário.
 
O estudo coordenado pelos pesquisadores especialistas em fitopatologia Dr. Erlei Melo Reis, Dr. Laércio Zambolim, Dr. Fernando Cézar Juliatti e Dr. José Octávio Machado Menten analisou três safras em 70 lavouras em Mato Grosso, sendo 23 no mês de fevereiro e 43 em dezembro, em três grandes regiões produtoras do Parecis, região Sul e Médio Norte.
 
A única desvantagem apontada no estudo é em relação à produtividade, contudo, ela é compensada com o menor uso de fungicida aplicado no mês de dezembro. “Temos produtividades variáveis, depende da população de plantas. Em dezembro, com 8 a 10 aplicações de fungicidas colhe-se 2,5 mil a 3 mil quilos, média de 50 sacas. Em fevereiro colhe-se de 40 a 45 sacas, com 3 aplicações de fungicidas”, disse o pesquisador Fernando Juliatti.
 
Contudo, a produtividade menor não se deve a doenças, mas pelo fotoperíodo, como o tempo de semeadura será menor para a colheita, a planta cresce menos e com menor quantidade de flores e vagens, contudo terá uma qualidade de semente melhor para que o produtor possa utilizar na próxima safra.
 
“A semente, com certeza, vai ter melhor qualidade fisiológica, vigor, melhor poder germinativo. Ao iniciar a safra, esse produtor vai ter uma semente própria de melhor qualidade para iniciar a sua semeadura em outubro. Ele [produtor] não vai comercializar a semente produzida em fevereiro, vai usar parte da área dele para aliviar seus custos e aumentar seu ganho”, explicou Juliatti.
 
Tanto na coletiva à imprensa quanto em uma carta enviada ao secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Dr. José Guilherme Tollstadius Leal, os pesquisadores refutaram as teses de que não se pode plantar soja em Mato Grosso de janeiro a maio.

“Não há justificativa científica balizada pela ciência para impedir a condução de lavouras da oleaginosas neste período em Mato Grosso. Os estudos conduzidos até agora evidenciam que o cultivo da soja no final de dezembro deveria ser banido, por inúmeros fatores, dentre os quais ressalta-se o excesso de número de aplicações de fungicidas para o controle da ferrugem da soja”, diz trecho do documento.
 
Os produtores de soja reivindicam no máximo 5% da área da soja para o plantio das sementes de soja e concordam que os royalties devem ser pagos aos detentores das variedades, independentemente de sua obrigação legal.
 
Imbróglio judicial
 
No ano passado, durante a pesquisa, a Justiça de Mato Grosso quis impedir o plantio de semente no mês de fevereiro durante o experimento. Na época, o Ministério Público questionou o plantio experimental de soja por ocorrer fora do limite estabelecido pelo "vazio sanitário", que tem como objetivo evitar a ferrugem asiáticas nas lavouras. Contudo, os pesquisadores cobram estudos científicos que balizem o impedimento do plantio da soja em fevereiro, que contraponha o estudo científico deles, que foi publicado em revistas científicas internacionais.
 
Em 1º de setembro, por meio da portaria 389, o Mapa autorizou o plantio de soja em fevereiro, ao estabelecer novo calendário de semeadura da oleaginosa em nível nacional.
 
A Aprosoja aprovou a mudança e sustentou que a calendarização anterior estabelecida em 2015, não representava a realidade prática vivida pelo produtor no campo, o que foi comprovado cientificamente, inclusive mostrando uma sanidade e uma qualidade melhor do grão, quando plantado para semente em fevereiro
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