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Notícias / Judiciário

09/12/2021 às 12:01

‘Ela sempre chegava passando mal’, diz avó de menina envenenada pela madrasta

Júri do caso é realizado nesta quinta-feira; criança morreu aos 11 anos em Cuiabá

Denise Soares

A madrasta Jaira Gonçalves de Arruda, de 43 anos, acusada de matar envenenada a enteada Mirella Poliana Chuê de Oliveira, de 11 anos, é julgada pelo Tribunal do Júri, que acontece nesta quinta-feira (9), no Fórum de Cuiabá. A criança morreu em 13 de julho de 2019.

Investigações da Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica) concluíram que Jaira cometeu o crime para conseguir a herança da vítima, de R$ 800 mil.

Durante esta manhã, o júri ouviu a avó de Mirella, Claudina Chuê. Segundo a avó, a menina sempre chegava passando mal quando era deixada em casa pela madrasta.

Na primeira vez que percebeu que a neta estava passando mal, Claudina se assustou. “Antes dela chegar em casa, estava bem. Quando chegou, estava passando mal, estava em uma situação feia. A madrasta disse que ela começou a passar mal no trajeto. Ela [Jaira] deu um remédio na tampinha. Não vimos que remédio era. Como ela vai dar o remédio para uma criança sem o vidro?”, questionou a avó.

Na ocasião, os avós pensaram em chamar a polícia, mas não o fizeram por intervenção de um vizinho. “Ela não melhorou e vomitou, saiu até sangue. Questionei se era o remédio [que Jaira havia dado]. Quem imaginaria que uma pessoa dessa iria fazer uma maldade dessa com uma criança? Ninguém espera isso”, relatou Claudina.

Mirella foi internada quase 10 vezes. Da primeira até a última, a avó relata que sempre era barrada ou tinha dificuldades de visitar a menina. A resistência era da madrasta, que, segundo a avó, não deixava que a família materna visitasse a criança nem no hospital e nem em casa.

Mirella sentia dores abdominais e sofria alucinações enquanto estava internada. A avó fez uma peregrinação em órgãos públicos, como no Ministério Público, para conseguir visitar a criança.

Ao ser questionada pelo MPMT, durante o júri, sobre quem matou a menina, Claudina foi direta: Jaira.

“O interesse era o dinheiro da menina. Mirella não tinha doenças, era uma criança sadia. A única coisa que ela tinha era alergia de mosquito e formiga”, contou a avó.

O caso

Mirella nasceu no início da madrugada do dia 22 de novembro de 2007 e poucas horas depois Poliane começou a sentir fortes dores e pediu que uma enfermeira fosse chamada.

A profissional veio e disse que tudo estava normal. O médico só voltaria pela manhã.

Às 9h da manhã, Poliane teve uma hemorragia. Depois, sofreu duas paradas cardíacas e foi encaminhada para a Unidade Terapia Intensiva (UTI). Às 10h40, morreu.

A condenação do hospital saiu em 2013, cinco anos depois. A juíza Amini Haddad Campos determinou que o hospital efetuasse o pagamento de R$ 100 mil pelos por danos morais causados à Mirella, R$ 50 mil a Claudina também por danos morais, além de uma pensão de um salário-mínimo vigente na época dos fatos (R$ 678) até que ela completasse 18 anos.
 
Pelo acordo entabulado, o hospital pagou pouco mais de R$ 606 mil, dos quais 30% ficaram com a advogada da família Chue (R$ 182 mil), R$ 102 mil à Claudina e o restante depositado na conta da criança para que ela retirasse quando completasse 24 anos.
 
Até 2018, a menina era criada pelos avós paternos, que faleceram. Então, a garota passou a ser criada pelo pai e madrasta. A partir daí iniciou o plano da mulher para matar Mirella com o objetivo de ter acesso ao dinheiro.
 
A mulher foi ouvida e contou que convivia com o pai da vítima desde que ela tinha 2 anos de idade e que se considerava mãe dela. Ela declarou que a afilhada começou a ficar doente em 17 de abril de 2019, apresentando dor de cabeça, tontura, dor na barriga e vômito.
 
A Polícia Civil indiciou a madrasta por homicídio duplamente qualificado, praticado por envenenamento e motivo torpe. O inquérito apontou ainda que o pai da vítima não teve envolvimento direto e que ele teria sido induzido a erro pela mulher.
 
A madrasta conduzia e tinha controle de todas as situações na família – financeira, educação, saúde e demais cuidados com a criança. O trabalho investigativo apontou também a suspeita de que a madrasta teria envenenado o avô paterno da vítima, Edson Emanoel, em 2018.
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