O surto do vírus influenza em algumas regiões no país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Manaus e Belém, confunde moradores diante da pandemia, já que os sintomas da covid são parecidos com os da gripe.
Moradores de Cuiabá relatam que estão com sintomas gripais, como febre, tosse, coriza, dificuldades respiratórias, congestão nasal e dores pelo corpo.
Assim como no restante do país, procuram os postos e unidades de saúde em busca de testes da covid-19. A preocupação aumenta também pela presença da nova variante, a Ômicron.
Na Unidade Básica de Saúde (USB) do Parque Ohara, na capital, a médica Michelly de Oliveira Sobrinho afirma que percebeu um aumento no número de casos de gripe no posto de saúde.
Somente nesta manhã de sexta-feira (17) foram cinco casos de gripe, todos negativo para a covid.
“Os casos estão mais graves que o habitual, inclusive com internação”, disse.
O que diz o governo de Mato Grosso
Apesar do cenário nacinal, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) afirmou à reportagem que não há registro de surto de gripe em Mato Grosso.
Disse também que a vacinação nacional contra a influenza já foi encerrada, no entanto, os municípios que ainda possuem doses da vacina continuam com a vacinação.
Em Mato Grosso, a Campanha Nacional de Imunização contra Influenza, realizada em 2021, atingiu a cobertura de 1.212.027 pessoas vacinadas, de um total de 1.218.864 de público alvo da campanha.
A SES-MT esclareceu que os casos de gripe não são de notificação compulsória pelos municípios, contudo, salienta que a situação de surto de gripe deve ser notificada obrigatoriamente.
Até o momento, a pasta não recebeu nenhum registro de ocorrência de surto de gripe.
Com relação ao vírus influenza, há registro neste ano, de 32 casos de influenza dos tipos: B, A/H3 sazonal, A., A H1 sazonal e influenza não tipificada. Em 2020, Mato Grosso registrou 32 casos e, em 2019, foram registrados 57 casos.
O que diz Cuiabá
Já a Secretaria de Saúde de Cuiabá informou ao Leiagora que em relação à influenza, independentemente se H1N1, H3N2 ou Influenza B, a notificação é obrigatória pelos parâmetros do Ministério da Saúde.
É contabilizado a síndrome respiratória aguda grave (SRAG) de um paciente com alteração de saturação ou dificuldade respiratória.
Após a notificação, são feitos exames para confirmar o vírus que causou a SRAG. Desde o começo da pandemia de covid-19, todos os casos foram vinculados à notificação da covid-19, pelo fato de ambos se tratarem de SRAG.
Até o momento, foram detectados três casos de Influenza A – H3N2, em Cuiabá, neste mês, mas ainda não é considerado surto.
A SMS informa ainda que observou aumento da procura de pacientes com síndromes gripais nas unidades de saúde, mas ressalta que a grande maioria dos casos que têm surgido são de síndromes gripais não graves, que não são de notificação compulsória.
A pasta destaca ainda que campanha de vacinação, realizada nas unidades básicas de saúde, já ultrapassou 75% do público-alvo.
Especialista
O coordenador do Boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marcelo Gomes, diz que a doença já adquiriu caráter epidêmico no Rio de Janeiro e Espírito Santo. Há uma variante da influenza H3N2 nessas regiões.
O problema é que o imunizante que foi disponibilizado na campanha contra gripe neste ano não protegia contra essa variante da gripe, mas passará a proteger na próxima campanha.
Cidades como São Paulo, Salvador, Belém e Manaus também enfrentam surtos, com sobrecarga de seus hospitais e postos.
“Infelizmente, a perspectiva para as próximas semanas é de mais ocorrências”, diz Marcelo. Ele cita entre os motivos a “queda na cobertura vacinal deste ano” no Brasil.
Para prevenção, as recomendações são as mesmas dos últimos dois anos: usar máscaras de boa qualidade, sempre preferir lugares abertos e evitar aglomerações.
Marcelo explica que dezembro, em geral, não é o período típico para o aumento de casos de gripe, por isso, o país está vivendo um cenário atípico, uma vez que os especialistas esperariam isso mais próximo do inverno.
Na quarta-feira (15), o Ministério da Saúde remanejou 60 mil doses da vacina contra a gripe do estoque de Roraima a cidade do Rio de Janeiro, que enfrenta um surto da doença.
Marcelo finaliza dizendo que a tendência, assim como em outras capitais, é de que mais regiões reportem esse aumento nos casos de gripe.
