Com as margens de lucros mais apertadas e o custo de produção mais alto, o pecuarista de Mato Grosso vai ter que mudar o perfil para sobreviver na atividade e não sucumbir à pressão e arrendar a área para os agricultores aumentarem a produção de soja, milho e algodão. Com o rebanho bovino de 32 milhões de cabeças, o estado é o maior produtor de carne do país e o maior exportador. Mas muitos pecuaristas têm desistido da atividade com as oscilações dos preços do boi gordo e do bezerro.
As áreas de lavoura têm avançado pelo Estado. São 10,8 milhões da área da soja em Mato Grosso e, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a estimativa é de alcançar 14 milhões de hectares até 2030. Esse avanço deve ocorrer sem aberturas e novas áreas, mas com aquisição e arrendamento das áreas da pecuária. As áreas de pastagens no Estado têm 24 milhões de hectares e, deste total, 14 milhões têm potencial agrícola.
O planejamento e gestão para a atividade pecuária é o mote da 10ª Acrimat em Ação, que percorre 19 municípios de Mato Grosso. O evento é uma continuidade do evento realizado em 2020, mas que foi suspenso devido à pandemia em março de 2020.
“Nunca foi tão importante ter o controle de gestão da propriedade. O nosso lema é que o pecuarista que vai permanecer na atividade é aquele que vai transformar a sua fazenda numa empresa. Isso pode ser uma empresa de uma vaca, pode ser uma empresa de milhares de cabeças, ele tem que ter tudo na ponta do lápis. Os preços pagos pela arroba subiram bastante, isso é um lado bom, mas por outro lado, os custos subiram muito mais do que o preço de venda. Portanto, as margens estão mais estreitas, e com as margens mais estreitas é preciso ter as contas mais alinhadas para que você possa ter rentabilidade, não só para permanecer na atividade quanto para continuar crescendo”, ensina o diretor técnico da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi.
O pecuarista de Mato Grosso vai precisar de uma mudança de cultura e passar a agir mais próximo aos agricultores que têm os custos da produção na palma da mão, precisam ter estação de monta, planejar a alimentação dos animais, o quanto o bezerro deve ganhar de peso diariamente na cria, recria e engorda.
“O que a gente procurou mostrar para todas as pessoas presentes é que uma tomada de decisão errada impacta no lucro que vai ter lá na frente. O momento de vender o bezerro, o momento de vender o boi, se vende o boi magro ou não, que tipo de suplemento que ele vai usar, se compensa usar aquele suplemento naquele determinado momento. O pecuarista precisa estar atento”, disse o palestrante da Acrimat em Ação, Dr. Flavio Dutra de Resende, zootecnista e coordenador do projeto Boi 777, que tem como objetivo gerar tecnologias na área de bovinos de corte com foco em abater animais pesados e com idade de até 24 meses e transferir os resultados ao setor produtivo.
O presidente do Sindicato Rural de Canarana, Alex Wisch, comemorou o foco do evento da Acrimat por ser um alerta aos pecuaristas da região e fazê-los a mudar de atitude e controle mais a gestão da atividade.
“Infelizmente, o pecuarista, ele não costuma fazer muita conta e não tem a fazenda dele na palma da mão, assim como um produtor de soja produtor de milho tem. Por que muitas vezes eles acabam se enganando com isso. Foi muito bom mostrar para eles que estão se iludindo achando que estão ganhando muito dinheiro e não estão, ou ao contrário também. Alguns achando que não está dando lucro, mas eles também não estão fazendo por merecer. Não é que a pecuária esteja tão inviável hoje, mas o método precisa mudar para que volte a dar lucro. Ele cita que os preços estão mais estabilizados e os contratos estão melhores, sendo possível contratar em arroba futuro, antes não tinha isso. Hoje como pode vender a soja e o milho, pode vender a arroba do boi”, comentou.
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