Em Cuiabá, 67% dos usuários do transporte público estão insatisfeitos com o serviço de forma geral e 41% estão insatisfeitos com a área de atendimento das linhas (itinerário). Contudo a rede de transporte de Cuiabá apresenta uma cobertura espacial que atende à quase totalidade da área do município.
Os dados constam no Plano de Mobilidade Urbana apresentado em audiência pública na semana passada no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). O estudo iniciou em abril de 2021 e as pesquisas ocorreram em agosto e setembro de 2021. O diagnóstico foi realizado pelo Consórcio Cuiabá em Movimento', formado pelas empresas EGL Engenharia LTDA e GPO Sistran LTDA.
Conforme o estudo, a frota é composta por 346 veículos em 99 linhas, operadas por quatro empresas (Caribus, Vpar, Integração e Rápido Cuiabá), que venceram a licitação em 2019 e passaram a operar em 2021.
Em relação aos pontos de ônibus em Cuiabá, 53% têm abrigo, 17% têm apenas sinalização de ponto ônibus, mas em 30% sequer existe qualquer tipo de placa. A pesquisa mostrou que isso leva 66% dos usuários a se sentirem insatisfeitos em relação à qualidade da infraestrutura de embarque e desembarque.
A capital tem apenas três terminais de ônibus abertos com pagamento no ônibus: CPA 1, CPA 3 e Antártica, e apenas três estações de ônibus fechadas e climatizadas: Alencastro, Bispo Dom José e Ipiranga.
Gratuidade acima da média
Os dados apontam também que 41,4% dos usuários não pagam passagem de ônibus na capital. São idosos, estudantes, portadores e acompanhantes de HIV e Neoplasia. A média nacional é de 26,9% de não pagantes. Na capital de Mato Grosso, o subsídio corresponde a 37,8% da receita. Apenas 49% pagam a tarifa cheia do transporte coletivo.
Mesmo com a frota em média de 4,36 anos e a média nacional de 5,70 anos e a passagem subsidiada, 63% dos usuários estão insatisfeitos com o valor da tarifa.
Rodar de ônibus nos fins de semana é um pesadelo aos cuiabanos. Se de segunda a sexta há 346 ônibus, reduz para 161 no sábado e apenas 78 aos domingos.
A oferta de viagens nos fins de semana cai aos sábados para 57% do que se roda em dias úteis e no domingo reduz para 34%. Porém, a média nacional é de 60% para o sábado, e 40%, para o domingo. A pesquisa realizada com os usuários mostrou uma insatisfação 87% com relação a redução das viagens no sábado e domingo.
Em busca de soluções
Para o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Juares Samaniego, não há nada para maquiar em relação aos problemas da cidade.
“O diagnóstico mapeia os problemas que a cidade tem e que, só conseguiremos resolvê-los quando admitimos que eles existem. E a partir deste diagnóstico, vamos repensar a cidade para os próximos 10 anos. O Plano de Mobilidade foi estabelecido em 2012 e, desde então, não houve preocupação dos gestores anteriores para pensar o futuro do trânsito, da mobilidade, acessibilidade da nossa capital. A sociedade tem que entender que, Cuiabá nasceu sem planejamento e os gestores devem seguir um Plano de Mobilidade. Essa é a preocupação daqui pra frente".
O plano está sujeito a sugestões. Quem quiser contribuir, pode mandar e-mail planejamento.semob@cuiaba.mt.gov.br e o protocolo presencial da Semob estará disponível para receber ideias e sugestões para o Plano de Mobilidade Urbana.
Todo material recebido será encaminhado ao Consórcio e será aproveitado. O plano está na fase de diagnóstico e espera apontamentos da sociedade para passar para a fase de proposições.
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