O clima esquentou na manhã desta segunda-feira (23) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), durante reunião que debate a exclusão de Mato Grosso da Amazônia Legal. Na ocasião, os ânimos acirrados do deputado estadual Wilson Santos (PSD) e do federal Neri Geller (PP) geraram troca de farpas.
Contrário ao projeto, Wilson pediu ao relator da PL, Neri Geller, que tenha cuidado quando for fazer o relatório do projeto. Segundo o parlamentar estadual, o congressista corre o risco de ficar conhecido mundialmente como um 'inimigo da Amazônia'.
“Aproveito para pedir, Neri, que o senhor tenha cuidado no seu parecer e que não seja taxado como inimigo da Amazônia. O senhor está mexendo com o maior patrimônio imaterial desta nação. O senhor já foi relator da PL do Veneno. Muito cuidado com o seu parecer, não ceda às pressões para ampliar o desmatamento na Amazônia”, alertou o social-democrata na reunião extraordinária da Comissão de Meio Ambiente da ALMT.
O polêmico Projeto de Lei nº 337/2022 é de autoria do deputado federal por Mato Grosso Juarez Costa (MDB). Um dos objetivos do PL é excluir Mato Grosso da Amazônia Legal, região que atualmente é composta pelos estados de Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.
Na reunião, Wilson ainda fez críticas ao desenvolvimento econômico do estado. De acordo com o deputado, Mato Grosso privilegia os grandes latifúndios que enriquecem três ou quatro famílias e que deixa a maioria da população morrendo de fome nas filas do ossinho.
Em uma fala ácida, Wilson também alfinetou Juarez Costa, ausente na reunião. “Cabe ao deputado Juarez um exame de sanidade mental. Só ele não quer defender a Amazônia. É um maluco! Ele foi convidado para estar aqui hoje, mas não veio!”, enfatizou.
Réplica
O deputado federal Neri Geller não deixou barato e retrucou Wilson logo em seguida. Neri defendeu a atuação dele como relator do PL 6299/2002, que ficou conhecido como o PL do Veneno. O deputado federal disse que quando pegou a relatoria do projeto, ele era muito criticado por ambientalistas, porém, após muito estudo o PL passou a ser conhecido como PL do Alimento Seguro.
Neri também disse que nunca teve apoio dos chamados 'barões da soja' e que não vai usar do tema como palanque jurídico e para fazer demagogia. “Wilson, eu não vou fazer desse tema um palanque político. Você me conhece, fomos colegas, eu jamais tive apoio dos 'barões da soja' e quando Vossa Excelência fala do modelo de desenvolvimento equivocado em Mato Grosso, mas aqui no estado nós crescemos a produção de milho”.
O progressista pontuou, ainda, que não vai fazer críticas ao colega congressista Juarez Costa, pois conhece as boas intenções do parlamentar. “Wilson, te peço pela amizade que temos, olhe os relatórios que fizemos [sobre a PL do Veneno]. Tive, sim, coragem de enfrentar a grande mídia porque eu estava convicto com o que eu estava fazendo. Tenho limitações, mas a Assembleia Legislativa pode trazer um técnico para dentro para discutir o tema, não faço demagogia com esse tema. Estou pronto para ouvir e discutir. Se algo estiver errado e vou recuar. Dê graças a Deus que essa pauta veio para uma pessoa que tem coragem”, finalizou Neri.
