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29/05/2022 às 11:08

Molecagem e indisciplina se tornam caso de polícia com ameaças de falsos massacres

Adolescentes criam mensagens para assustar colegas e professores para chamar atenção e ganhar destaque na mídia

Débora Siqueira

Molecagem e indisciplina se tornam caso de polícia com ameaças de falsos massacres

Foto: Playagora

Ações comuns de molecagem, brincadeira de mau gosto e indisciplina nas escolas se tornaram alvo de boletim de ocorrência e investigação policial por ato infracional análogo à ameaça de supostos massacres. Mensagens deixadas nos banheiros das escolas causaram pânico entre alunos e profissionais da educação e culminaram em suspensão de aulas. 

Pelo menos sete escolas de Mato Grosso passaram por essa situação de supostas ameaças de massacre. Quatro públicas de Cuiabá, uma pública do interior, uma escola particular em Sorriso e outra na Capital. Em todas as situações, a Polícia Militar foi acionada, foi às unidades e, como sempre, nada aconteceu. 

Um dos casos, em Primavera do Leste, o autor da mensagem foi identificado no dia 8 de abril, no dia seguinte após a ameaça em um perfil falso sobre um massacre em uma escola do município. O perfil foi difundido pela rede, causando pânico entre pais e alunos da escola.

A Polícia Civil localizou uma adolescente de 12 anos, que foi conduzida à delegacia, onde foi ouvida. Na presença da mãe, ela confessou que criou o perfil com a intenção de fazer uma “brincadeira”, assustando as pessoas.

Em Cuiabá, o primeiro caso público de ameaça de massacre foi no dia 11 de abril na Escola Estadual Paciana Torres de Santana, no Residencial Coxipó. As aulas foram suspensas. No dia 12 de abril, a ameaça era na Escola Estadual Zélia Costa de Almeida, no Jardim Presidente 2.



No dia 29 de abril, uma ameaça de massacre ocorreu no Colégio Regina Coeli, situado no bairro Village, em Sorriso, assustou pais e alunos. A ameaça ainda colocava data: 02 de maio. No dia, a escola reforçou a segurança, a Polícia Militar fez rondas, as aulas foram mantidas e a ameaça não se cumpriu. 

Em 23 de maio, a mensagem de massacre ocorreu no Sesi Escola. Apesar do temor dos pais e alunos, a escola não registrou boletim de ocorrência e tratou a situação como caso de indisciplina e não de ameaça concreta. 

As equipes gestora e pedagógica da unidade conversaram com todas as turmas tranquilizando e dando apoio aos estudantes, com o objetivo de evitar pânico nas crianças e adolescentes.

Em 24 de maio, a mensagem de suposto massacre foi registrada na Escola Estadual Welson Mesquita, no bairro Pascoal Ramos. Alunos e professores se trancaram no interior da escola até a chegada da Polícia Militar. Alguns sequer foram até a unidade.

No dia 25 de maio, um áudio amplamente compartilhado pelo whatsapp ameaçava massacre na Escola Estadual Juarez Rodrigues Dos Anjos, no bairro Santa Laura, mais uma vez, causando medo entre alunos e funcionários.

Adolescentes chamando a atenção 

A líder do Núcleo de Mediação Escolar da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Patrícia Carvalho, disse que a orientação é para as escolas registrarem boletim de ocorrência, pois toda ameaça deve ser investigada. Contudo, ela diz que os casos de mensagens de massacre são mais uma forma dos adolescentes chamarem atenção, pois causa tumulto, o caso para na mídia e ele ganha likes. 

"A gente orienta a chamar a polícia, pois pode ser brincadeira ou não. Mesmo sendo falsa ameaça, é um ato infracional e causa dano ao erário, são atos de vandalismo. A Seduc não orienta a dispensa das aulas, mas muitos pais ficam receosos de mandar os filhos. As escolas averinguam os casos de indisciplina, quando identificados, os pais são acionados". 

Patrícia também pondera que os dois anos de pandemia, de isolamento social e o retorno presencial, deixaram os adolescentes eufóricos demais com o retorno às aulas e acabam passando do ponto. 



Investigação

A Polícia Civil não adianta os casos de investigação. A autoria dos adolescentes envolvidos nas ameaças de massacre nas escolas está sendo levantada pela Delegacia Especializada do Adolescente (DEA). 

A Polícia Militar informa que mantém um constante policiamento preventivo e ostensivo e quando acionada sobre essas situações vai até o local e realiza as varreduras para manter a segurança para alunos e servidores. 

"A gente nunca pode ignorar uma situação dessa aí, mas no final das contas é mais para causar alarde, causar essa situação de euforia nas pessoas. O nosso estado felizmente não tem essa característica do crime organizado tomar nesse sentido, mesmo porque quem quer cometer esse tipo de crime não vai anunciar", comentou o tenente R. Carvalho, que foi checar a situação da ameaça na Escola Estadual Welson Mesquita, no Pascoal Ramos.  

Massacre real

No dia 24 de maio, Salvador Ramos, 18 anos, invadiu a escola de ensino fundamental no Texas, Estados Unidos, e matou 19 crianças, a maioria de 10 anos, além de dois adultos. O assassino surpreendeu ao invadir a escola armado de fuzil. Ele não mandou recado.



Também sem mandar aviso, Adam Lanza, 20 anos, matou a mãe e dirigiu o carro até uma escola com 700 alunos na escola primária Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, no qual seis adultos e 20 crianças foram mortos em 14 de dezembro de 2012. O ataque durou 11 minutos e ele se matou depois. 

Por mais que não seja um crime comum no Brasil, nos últimos 10 anos ao menos oito ataques violentos em escolas do país foram registrados. Um dos mais recentes ocorreu no ano passado quando um jovem de 18 anos invadiu uma creche armado com um facão e desferiu golpes em crianças e adultos. Cinco pessoas morreram, sendo três crianças e duas mulheres. Houve ainda massacres como o de Suzano-SP, em 2019, quando 10 pessoas foram mortas e em Realengo, no Rio de Janeiro-RJ, em 2011, que terminou com 13 mortes. 
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