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Notícias / Polícia

29/11/2022 às 16:17

Vídeo | Delegado é acusado de abuso de autoridade por invadir casa e apontar arma para mãe e filha

Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que o delegado, acompanhado de homens fortemente armados, entram na casa da mulher e mandam que ela e o marido deitem no chão

Paulo Henrique Fanaia

Vídeo | Delegado é acusado de abuso de autoridade por invadir casa e apontar arma para mãe e filha

Foto: Reprodução

O delegado da Polícia Civil, Bruno França Ferreira, está sendo acusado de invasão de domicílio e abuso de autoridade por ter invadido a casa de uma mulher na noite dessa segunda-feira (28) em um condomínio de luxo em Cuiabá e efetuado a prisão ilegal da vítima. Imagens da câmera de segurança instaladas na casa da mulher mostram o delegado invadindo a residência e ameaçando atirar contra a conduzida e contra o marido dela, tudo isso ao som dos gritos de uma criança pequena.
 
O caso tomou repercussão após o vídeo ter sido divulgado por um programa de televisão de Cuiabá. Circula também nas redes sociais um vídeo em que mostra o delegado xingando o advogado Rodrigo Pouso Miranda, que atua como procurador da mulher.
 
Pelas imagens das câmeras de segurança é possível ver o delegado Bruno batendo com força na porta da casa. Após algumas batidas ele arromba a porta e entra na sala gritando para que a mulher e o marido deitem no chão. Também é possível ouvir gritos e choros de uma criança pequena e por diversas vezes, o delegado diz para o marido que vai estourar a cabeça da mulher se ela se aproximar novamente de seu enteado.
 
Durante todo o momento, o delegado xinga e grita dizendo que a mulher descumpriu uma medida protetiva de não chegar perto do enteado dele e a mulher grita dizendo que desconhece a medida. Os ânimos são acalmados por agentes policiais altamente armados com fuzis que acompanham o delegado Bruno.
 
O Leiagora entrou em contato com o delegado para saber porque ele invadiu a casa da moradora. De acordo com Bruno, toda a briga remonta há cerca de dois meses atrás quando ele morou em outro condomínio de luxo da Capital e foi vizinho da mulher. De acordo com ele, o filho da mulher foi agredido por alguns adolescentes e ela acabou culpando o enteado de 13 anos de ter participado das agressões.
 
De acordo com Bruno, desde a briga dos adolescentes, a mulher passou a ameaçar o enteado do delegado com palavrões e perseguições que foram até a porta do colégio que o garoto estuda. Em virtude das ameaças, a família do delegado teve um pedido de medida protetiva contra a mulher que a impedia de chegar perto do garoto.
 
De acordo com a versão de Bruno, na noite de ontem, o enteado foi até o condomínio Florais dos Lagos, local onde a mulher mora, para jogar futebol com alguns amigos. Em certo momento, a mulher foi até o campo de futebol com dois seguranças e passou a ameaçar o garoto e chegou a pedir para que os seguranças tirassem o menino de lá que, com medo, se escondeu na casa de um colega e pediu ajuda ao padrasto.
 
“Eu fiquei completamente irritado, fui lá resgatar meu enteado e para prender ela por descumprimento de medida protetiva. Pedi apoio de vários colegas porque eu não vou sozinho, vai saber se vou tomar um tiro”, disse o delegado.
 
Bruno nega as acusações de invasão de domicílio, pois segundo ele, a mulher estava em flagrante descumprimento de uma medida protetiva, portanto, não há o que se falar em exigir um mandado de prisão para adentrar na residência.
 
Sobre as acusações de abuso de autoridade, o delegado também nega, dizendo que cumpriu o procedimento padrão de adentar a residência, verbalizar para que os suspeitos deitem no chão e realizar a prisão.
 
“O que eu fiz de errado, realmente, foi que na delegacia, na condição de padrasto da vítima, porque delegado era o plantonista de Cuiabá, eu tive uma discussão muito ríspida com o advogado dela, mas hoje cedo já pedi desculpas publicamente. Quanto à prisão, ela tá presa em flagrante. Não apontei arma nem nada. Isso é procedimento, pedir pra ela deitar, nem algemada ela foi, na hora eu reconheço que eu ofendi ela, coisa que não deveria ter feito, mas isso é procedimento pra evitar ser atingido. Ela não foi no camburão ela foi sentada na viatura”, diz Bruno França.
 
O delegado afirma que o enteado está muito abalado com toda a situação e está com medo até mesmo de ir para a escola. Para se precaver de qualquer tipo de acusação, Bruno afirma que já enviou todo o relatório do procedimento realizado, junto do histórico de medida protetiva para a corregedoria da Polícia Civil.
 
O outro lado da história
 
Para conhecer o outro lado da história, o Leiagora conversou com Rodrigo Pouso Miranda, advogado da família que aparece nas imagens feitas na delegacia sendo xingado pelo delegado.
 
Rodrigo conta uma história diferente. Segundo ele, o filho da sua cliente foi agredido pelo enteado de Bruno e mais seis garotos há dois meses atrás quando todos moravam em um condomínio. Indignados com a situação, a família do menino processou os garotos agressores e desde então começou a briga entre o delegado e a família de sua cliente.
 
O advogado nega as acusações de que a mulher tenha agredido e ameaçado o enteado de Bruno e muito menos que ela tenha ido até o campo de futebol na noite dessa segunda para tentar expulsar o garoto de lá.
 
“Como contra-ataque porque processamos eles, ele [delegado Bruno] fez uma medida protetiva contra a mãe do menino falando que ela não podia chegar perto do enteado dele, mas ela não foi intimada dessa medida. Para você cumprir uma medida você tem que ser intimado. Ele foi lá, invadiu o condomínio dando uma carteirada, entrou com uma equipe da Gerencia de Operações Especiais (GOE) tudo armado com fuzil, invadiu a casa e prendeu todo mundo”, diz Rodrigo que afirma não haver nenhum tipo de flagrância, o que faz com que o ato do delegado seja abusivo e ilegal.
 
Segundo ele, a mulher ameaçada acabou de passar por uma cirurgia nos seios e devido à ação da noite passada, alguns dos pontos estouraram. Ele disse que a sua cliente foi liberada na mesma noite e que agora a família tomará as medidas penais, administrativas e cíveis que podem ser tomadas.
 
A Ordem dos Advogados do Brasil -  seccional Mato Grosso emitiu uma nota de repúdio ao tratamento externado pelo delegado em desfavor do advogado. Na mesma nota, a OAB/MT deixa claro que não irá tolerar vilipêndios desta natureza e que a seccional já estuda as medidas cabíveis a serem tomadas em razão do caso em questão. 
 
Já a Polícia Civil informou que: “a ação que ensejou a entrada do delegado na residência é referente ao descumprimento de uma determinação judicial em medida protetiva de urgência por parte da mulher de 41 anos em relação a um menor de idade de 13 anos.  A medida protetiva de urgência foi requerida ao adolescente dentro de uma investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. A Corregedoria da Polícia Civil já tomou conhecimento da conduta do delegado e vai apurar os fatos”.

Vídeo da câmera de segurança


Vídeo gravado pelo advogado Rodrigo Pouso

 
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