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Notícias / Polícia

30/01/2023 às 15:36

Assassino de Thays instalou GPS no carro da ex e conhecia detalhes da rotina da vítima

Carlos Alberto anotava todos os passos da vítima e tirava print da localização do veículo que ele recebia por meio de satélite para o celular

Paulo Henrique Fanaia

Assassino de Thays instalou GPS no carro da ex e conhecia detalhes da rotina da vítima

Foto: Reprodução

O assassino de Thays Machado, o empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra, de 55 anos, monitorava diariamente os passos da ex-namorada e tinha uma agenda detalhada com toda a rotina e o ciclo de amizades da vítima. De acordo com o que foi constatado no inquérito policial, Carlos Alberto havia instalado um GPS no carro de Thays e acompanhava todos os locais que a ex frequentava, desde local de trabalho, igreja e escola onde levava a filha menor de idade.
 
Na manhã desta segunda-feira (30), o delegado da Polícia Civil responsável pelas investigações, Marcel Oliveira, disse em coletiva à imprensa que as investigações comprovam que Carlos Alberto era uma pessoa fria e meticulosa e que era extremamente possessivo com Thays, proibindo a então namorada de sair com amigos e a obrigando a estar sempre ao lado dele.
 
“Todas as testemunhas, amigos de trabalho e de infância relatam que ele [Carlos Alberto] era ciumento, não deixava ela [Thays] sentar na mesa com amigas. Quando saía com ele, ela sentava do lado dele para ele saber com que a Thays conversava”, afirma o delegado.
 
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A perseguição
 
Durante as investigações, o que mais intrigou os policiais foi o fato de Carlos Alberto saber, na madrugada anterior ao dia do assassinato de Thays e Willian César Moreno, exatamente onde a ex estava. Tanto é que Carlos Alberto foi até o aeroporto de Várzea Grande ameaçar Thays quando ela foi buscar Willian, que chegava de viagem de São Paulo. A partir daí, a polícia requisitou uma busca na casa de Carlos Alberto, momento em que encontraram aparelhos eletrônicos de geolocalização e escutas ambientes.
 
“Ele [Carlos Alberto] instalou esses programas quando ainda estava se relacionamento com a Thays, no final de 2021 e meados de 2022. Através do mapeamento ele sabia os horários que ela ia no trabalho, na casa da mãe, locais que ela frequentava nos finais de semana”, diz Marcel de Oliveira.
 
A polícia encontrou um caderno na casa de Carlos Alberto onde ele anotava todos os passos de Thays e ainda tirava print da localização do veículo que ele recebia por meio de satélite para o celular.
 
Segundo o delegado, o método de perseguição funcionava da seguinte forma: Carlos verificava onde Thays havia ido no dia, ligava para ela e perguntava onde ela estava e, de acordo com a resposta de Thays, ele anotava no caderno se os lugares eram compatíveis ou não.
 
Uma testemunha contou que, em outubro de 2022, Thays havia rompido o relacionamento com Carlos Alberto e saiu uma noite para se divertir com os colegas de trabalho em um pub de Cuiabá. Na saída, o grupo de amigos foi surpreendido por um carro que veio na direção de Thays e tentou atropelar a moça. O carro era dirigido por Carlos que, por meio do GPS, soube que a ex-namorada tinha ido ao barzinho.
 
Perseguição por telefone e redes sociais
 
Outa coisa que deixou os investigadores perplexos foi a forma com que Carlos Alberto monitorava o telefone e as redes sociais de Thays. Em uma agenda, o assassino anotava todas as ligações que ela recebia e fazia, e depois ligava para cada um dos números.
 
Quando o contato era de algum prestador de serviço, Carlos Alberto pintava com caneta piloto de cor laranja e escrevia o que aquele prestador de serviço fazia, por exemplo “encanador”. Quando o contato era de uma mulher, Carlos pintava o número de rosa e escrevia ao lado, “mulher”.
 
Já quando o contato era de uma homem, o assassino ligava para a pessoa e perguntava de onde ele conhecia Thays e porque estava entrando em contato com a moça. A partir daí ele pintava o número com uma caneta piloto azul e fazia anotações como por exemplo: “conhece Thays do trabalho”, ou, “disse que nunca conheceu Thays pessoalmente”. Quando Carlos Alberto desconfiava mais ainda, ele adicionava a pessoa no aplicativo WhatsApp e buscava fotos do contato para saber mais sobre a aparência da pessoa e ainda escrevia nas anotações, por exemplo: “homem tem tatuagem característica no braço”.
 
Carlos anotava na mesma agenda todas as pessoas que curtiam as fotos e postagens de Thays no Instagram e Facebook. Ele entrava em contato com as pessoas e monitorava tanto Thays quanto a pessoa para saber qual ligação eles tinham.
 
Em agosto de 2022, o assassino, ainda em relacionamento com Thays, viu que ela havia enviado uma mensagem de feliz aniversário para um colega de trabalho, que educadamente agradeceu. Irado com a situação, Carlos Alberto foi até o fórum de Várzea Grande tirar satisfações com o homem. Ele questionou o rapaz quais eram as intenções dele com Thays e chegou a ameaçá-lo. A Polícia Militar que cuida da segurança do fórum teve que detê-lo e um boletim de ocorrência foi registrado pelo colega de trabalho de Thays.
 
Para o delegado Marcel Oliveira, isso demonstra que Carlos Alberto Gomes Bezerra premeditou o assassinato de Thays desde o momento em que passou a monitorar os passos da ex-namorada, o que demonstra que ele é uma pessoa completamente meticulosa e que desejava matar a servidora pública.
 
Thays e Willian César Moreno foram assassinados a tiros no dia 18 de janeiro, por Carlos Alberto, filho do deputado federal Carlos Bezerra. Dias antes do crime, o assassino rondou a casa da mãe de Thays e chegou a ameaçar a ex-companheira com um revólver.
 
Na manhã do crime, Thays e Willian registraram um boletim de ocorrência contra Carlos, porém, às 16h42 daquele dia, o assassino emboscou o casal na frente da casa da mãe de Thays e matou os dois a sangue frio.
 
O filho do deputado foi preso horas depois do crime em uma fazenda da família localizada em Campo Verde. Durante interrogatório, ele usou o direito de ficar calado e apenas disse que matou o casal, pois estava passando por um descontrole emocional causado pela diabetes. Carlos está preso em Cuiabá.
 
O inquérito policial indiciou Carlos Alberto por homicídio quadruplamente qualificado contra Thays com as qualificadoras de motivo torpe diante do sentimento de vingança em exterminar a vítima; recurso que causou perigo comum pois o modo de execução poderia ter atingido outras pessoas que estavam próximas do local do crime; meio que resultou na dificuldade de defesa da vítima, ou seja, a surpresa sem qualquer chance de defesa; e a qualificadora de feminicídio. Contra Willian, ele foi indicado por homicídio triplamente qualificado pelas mesmas qualificadoras de Thays, com exceção do feminicídio.
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