Cuiabá, quarta-feira, 01/05/2024
09:21:15
informe o texto

Notícias / Judiciário

19/08/2023 às 09:44

CENTRO DE TREINAMENTO

Ex-funcionário do Flamengo relembra em depoimento resgate de jovens em incêndio do Ninho do Urubu: 'Traumático'

Incêndio matou 10 atletas da base do Flamengo, em 2019. Oito são réus pelo incêndio, entre eles, o ex-presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello. Vinte e uma testemunhas de acusação foram ouvidas.

Do G1

Ex-funcionário do Flamengo relembra em depoimento resgate de jovens em incêndio do Ninho do Urubu: 'Traumático'

Foto: Arte G1

Um ex-funcionário do Flamengo, que ajudou a tirar alguns jovens do contêiner que pegou fogo no Ninho do Urubu, foi ouvido nesta sexta-feira (18) na Justiça do Rio. Dez atletas da base do Flamengo morreram no incêndio em Vargem Grande. O caso ocorreu no dia 8 de fevereiro de 2019.

Benedito Ferreira foi demitido em agosto do ano passado pelo clube e disse que ainda é difícil lembrar do dia do incêndio e das mortes dos dez “garotos do Ninho”.

"Foi complicado lembrar do que aconteceu. É meio traumático. A cada dia que passa a gente vai tentando superar isso aí", disse.

Nesta sexta, aconteceu a primeira audiência de instrução e julgamento do processo contra oito réus pelo incêndio.

A sessão começou por volta das 14h e durou cerca de 4 horas. Vinte e uma testemunhas de acusação foram ouvidas, entre elas, bombeiros que ajudaram no socorro.

São réus por incêndio culposo qualificado pelos resultados morte e lesão grave o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello; Márcio Garotti, ex-diretor financeiro do Flamengo; Marcelo Sá, engenheiro do Flamengo; Claudia Pereira Rodrigues, Weslley Gimenes, Danilo da Silva Duarte e Fabio Hilário da Silva, da NHJ (empresa que forneceu os contêineres); e Edson Colman da Silva, técnico em refrigeração.

Reinaldo Belotti, CEO do Flamengo, disse que cabe à Justiça decidir se existem culpados pelo incêndio.

“Isso é um episódio que ficou marcado nos nossos corações, não só pela diretoria como de quem é rubro-negro. Mas conseguimos resolver os problemas que existiam, então, vida nova. A tristeza fica. O que evita novos casos no futuro é aprender com a experiência e com aquilo que foi feito. Essa questão de achar ou não achar culpados é com a Justiça", disse.

Inicialmente, o Ministério Público denunciou 11 pessoas, e a denúncia foi aceita pela Justiça. No entanto, em 2021, o juiz rejeitou a denúncia do MP contra o ex-diretor de base Carlos Noval e o engenheiro Luiz Felipe Pondé. Já o monitor Marcus Vinícius Medeiros foi absolvido da acusação.

Foram vítimas do incêndio:

Athila Paixão, de 14 anos
Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos
Bernardo Pisetta, 14 anos
Christian Esmério, 15 anos
Gedson Santos, 14 anos
Jorge Eduardo Santos, 15 anos
Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
Samuel Thomas Rosa, 15 anos
Vitor Isaías, 15 anos

A família de Christian Esmério é a única a ainda não ter fechado um acordo de indenização com o Flamengo.

De acordo com o Ministério Público, houve diversas irregularidades que culminaram no incêndio:

-Desobediência a sanções administrativas impostas pelo Poder Público por descumprimento de normas técnicas regulamentares
-Ocultação das reais condições das construções existentes no local ante a fiscalização do Corpo de Bombeiros
-Contratação e instalação de contêiner em discordância com regras técnicas de engenharia e arquitetura para servirem de dormitório de adolescentes
-Inobservância do dever de manutenção adequada das estruturas elétricas que forneciam energia ao contêiner
-Inexistência de plano de socorro e evacuação em caso de incêndio
-Falta de atenção em atender manifestações feitas pelo MPRJ e o MPT a fim de preservar a integridade física dos adolescentes.

Os réus

Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, é um dos réus no processo. Foi ele quem assinou todos os contratos de compra dos contêineres que pegaram fogo. Em 2014, Bandeira de Mello chegou a ser notificado pelo Ministério Público e pelo Ministério Público do Trabalho pra regularizar a situação considerada precária pelas autoridades.

De acordo com o MP, Bandeira de Mello optou por não cumprir as determinações de adequação do espaço, como o sistema de prevenção de incêndio devidamente certificado pelo Corpo de Bombeiros. Os promotores dizem que Bandeira tinha ciência do estado de clandestinidade dos contêineres.

O advogado Rafael Kullmann, que defende Bandeira de Mello, disse acreditar que "a Justiça inicia o caminho em direção à verdade", em que ficará comprovada a inocência de seu cliente.

O ex-diretor do Flamengo, Antonio Marcio Mongelli e Garotti, também se tornou réu.

Quatro representantes da Empresa Novo Horizonte Jacarepaguá importação e exportação, a NHJ, também são réus: Claudia Pereira Rodrigues, por ter fornecido os módulos onde dormiam os atletas, segundo o MP, em desacordo com a finalidade anunciada e ainda os engenheiros Fábio Hilario da Silva, Danilo da Silva Duarte e Weslley Gimenes, responsáveis pela fabricação, montagem e instalação dos contêineres.

Também foi denúnciado Edson Colman da Silva, sócio da Colman Refrigeração, que realizava a manutenção nos seis aparelhos de ar condicionado dos módulos.
Clique aqui, entre na comunidade de WhatsApp do Leiagora e receba notícias em tempo real.

Siga-nos no Twitter e acompanhe as notícias em primeira mão.


 

0 comentários

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do site. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
Sitevip Internet