A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) emitiu uma nota contestando as questões do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 que, para a instituição, criminalizam o setor produtivo. No documento, a Famato diz que a prova trouxe "destemidamente ataques ao agronegócio e críticas ao capitalismo" e que a entidade representativa se sente "desrespeitada e injustiçada com tamanha imoralidade". Questiona ainda o objetivo das questões: "qual o perfil dos profissionais que queremos formar? De qual educação estamos falando?".
"O que mais nos preocupa é a falta de conhecimento técnico e o despreparo dos entes envolvidos na elaboração da prova".
A nota de indignação traz o contexto das três questões do Enem que estão sendo criticadas por representantes do agronegócio e políticos. Em cada caso, a Famato rebate o gabarito, como na questão 70, que trata do desmatamento na Amazônia. O texto do enunciado afirmava que, para além do plantio de soja, “a lógica que gera o desmatamento está articulada pelo tripé grileiros, madeireiros e pecuaristas”. A instituição avaliou a questão como sendo um ''absurdo'' e prova da ausência de conhecimento e embasamentos relacionados às cadeias produtivas do agronegócio.
"É uma prova física da ignorância e desrespeito com o setor e com a sociedade de modo geral", opina.
Diante da polêmica, especialistas em educação e interpretação de texto mostram entendimento divergente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que iniciou as críticas às questões e pedem que elas sejam anuladas por "negacionismo científico".
É uma prova física da ignorância e desrespeito com o setor e com a sociedade de modo geral
Outro ponto abordado pela Famato foi a função social das propriedades. Na questão 89, o Exame diz que bens comuns como "as águas, as sementes, os minerais e as terras", se tornam propriedade privada, em uma lógica do agronegócio e do capitalismo, associando a estes a utilização de chuvas de veneno, superexploração e até violência no Cerrado brasileiro.
"Produtores e todo o setor do agronegócio se preocupam com o meio ambiente e os recursos naturais, seu principal insumo para a produção, além de garantir a segurança alimentar para os brasileiros e grande parte do mundo, o que é motivo de muito orgulho para a Federação".
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