Imagine que uma doença erradicada há 34 anos pode voltar a circular no Brasil, parece assustador, né? Mas, de acordo com o secretário municipal de saúde de Várzea Grande, Gonçalo de Barros, a realidade não está tão distante assim. Isso porque a cobertura vacinal de algumas doenças, como a poliomielite ou paralisia infantil, está em queda, ficando abaixo dos 50% no ano passado, no município.
O secretário salienta que a desconfiança na vacina e a falta de cuidado dos pais ou responsáveis têm colocado não só as crianças em perigo como todo o restante da sociedade. Ele aponta que deixar de se vacinar ou de se preocupar com a vacinação é um “risco desnecessário”, já que, no caso da pólio, por exemplo, é uma doença que está “completamente erradicada” e que “a ciência durou anos para tirar de circulação”.
Gonçalo também ressaltou que uma das dificuldades enfrentadas pelas equipes de vacinação no período pós-pandemia estão relacionadas ao negacionismo e, por muitas vezes, o envolvimento da ciência em patamares políticos, cujo debate não seria necessário. Afinal, há especialistas trabalhando ativamente nessas questões.
“Por conta do negacionismo, o país ficou dividido no meio. Os nossos cientistas, que tinham condições para debater esse assunto, lamentavelmente foram deixados de lado e levaram para o campo político ideológico para discutir uma eleição nacional em cima de vacinação de covid”, contou.
Diante disso, o secretário reafirma que a vacinação além de ser uma proteção, também é uma forma de se manter vivo, ainda mais depois do término da pandemia do coronavírus, que acabou ceifando tantas vidas. “A covid não cansou de matar, eu costumo dizer isso, ela foi controlada pela eficácia da vacina, que nos concedeu essa oportunidade de ter um pouco mais de tranquilidade”.
Gonçalo também fez um alerta para as esferas municipais, estaduais e federais: “Tem que ter alinhamento das políticas públicas para que não haja brecha. Sair da mesa de discussão política é o recomendável. Vamos deixar a ciência fazer o trabalho dela”.
Busca ativa
Como forma de aumentar a cobertura vacinal e auxiliar as pessoas a tirarem suas dúvidas sobre o processo de vacinação, a Secretaria de Saúde de VG desenvolveu o projeto Busca Ativa.
“A busca ativa é você principalmente chegar presente na sociedade, na população, e buscar convencimento com argumentos capazes de convencer, principalmente as crianças porque elas são tuteladas, são seus pais, seus responsáveis que decidem por elas”, explicou o secretário.
Para funcionar, o projeto conta com três equipes itinerantes, que percorrem os locais de maiores dificuldades e acesso à informação no município.
O planejamento é de que no próximo ano, durante o período letivo de 2024 e juntamente com a secretaria de educação, as crianças levem uma cartilha para casa contendo todas as questões, alertas e importância da vacinação para que os pais ou responsáveis imunizem os seus filhos.
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