O Hospital de Câncer de Mato Grosso irá suspender os atendimentos no próximo dia 30, caso a Prefeitura de Cuiabá não pague ao menos parte do valor devido à instituição filantrópica. Ao todo, o município possui um débito de aproximadamente R$ 16 milhões com a unidade de saúde referente aos repasses de outubro a janeiro deste ano.
Para garantir a continuidade dos atendimentos, o Hospital pede que seja repassado, até o dia 30 deste mês, ao menos o valor de R$ 7 milhões. Caso contrário, os atendimentos serão suspensos.
Para o presidente da unidade de saúde, Laudemi Moreira Nogueira, trata-se de uma atitude “dolorosa”, mas necessária. “Estamos desde outubro sem receber a produção de forma correta. A administração de Cuiabá, desde 2017, tem sido os useiros e vezeiros em não pagar o que é devido, e quando paga faz de forma abstém. Hospital de câncer tem hoje aproximadamente R$ 16 milhões para receber do município. Tomamos uma decisão muito dolorosa que é a suspensão dos atendimentos se não recebermos pelo menos parte desse valor, R$ 7 milhões”, reforçou.
Segundo ele, a Secretaria de Saúde já foi informada sobre essa decisão. Diante disso, ele faz um apelo para que o município efetue esse pagamento prévio. “Será muito dolorido para os pacientes que aqui são acolhidos se suspendermos o atendimento”, completou.
Além de pedir o pagamento de R$ 7 milhões, a entidade filantrópica ainda exige a apresentação de um calendário para a quitação do remanescente.
“Exigimos que formalize um calendário de pagamento, porque nada adianta fazer um pagamento parcial, é apenas posterga o problema, porque daqui uns dias teremos que tomar essa atitude de suspender os atendimentos novamente”, finalizou.
Outro lado
Com relação à demanda de Hospital de Câncer de Mato Grosso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece:
- Na data de ontem foi realizado repasse ao Hospital de Câncer referente ao mês de novembro de 2023, período em que o gabinete de intervenção do Estado estava à frente da saúde do município;
- Vale lembrar que o Município recebeu do governo do Estado uma Saúde desestruturada e inadimplente. Toda a equipe da SMS trabalha neste momento fazendo o levantamento dos números e dos problemas herdados, os quais serão informados à sociedade na próxima semana por meio de uma coletiva de imprensa;
- Como amplamente divulgado pela imprensa, o gabinete de intervenção do governo do Estado deixou uma série de dívidas, o que causa estranhamento o posicionamento do presidente do Hospital de Câncer de vir a público neste momento em que o Município luta para colocar a saúde nos trilhos e trazer dignidade para a população cuiabana;
- Cabe ressaltar ainda que parte da dívida cobrada pelo HCAN é objeto de disputa judicial, sendo juridicamente inviável que a SMS realize ou não o pagamento sem um desfecho judicial dos referidos processos, além da devida transparência na prestação de contas dos recursos recebidos;
- Por fim, em resposta à solicitação do Hcan, a Coordenadoria Técnica Financeira apresentou contraponto em relação a todos os pontos apresentados pelo Hcan. Esclarecendo, inclusive, que não há débitos pendentes em relação a serviços de UTI.
