O cuiabano poderá ter até quatro armas de fogo com o decreto presidencial que flexibilizou a posse de arma em casa, na fazenda ou na empresa. Uma quinta arma(dilha) mais letal e gratuita está sendo produzida pela Prefeitura de Cuiabá e se constituirá no primeiro caso de roleta russa coletiva do mundo. O empréstimo de 115 milhões de dólares ou 432 milhões de reais ao câmbio de R$ 3,76 desta quinta, 17, sem trava cambial e apostando que a cotação do dólar irá cair e a conta será menor que o empréstimo, principal argumento dos defensores do empréstimo num exercício de futurologia aplicada.

A bala que vai no tambor da arma(dilha) a Câmara muito pronta e servilmente, com exceções, autorizou a compra. Aprovou sem muitas discussões. Os vereadores são muito ocupados e não dispõe de tempo para discussão mais profunda de projetos de menor importância como o empréstimo de mais de 400 milhões de reais sem hedge e sem destinação ou forma de pagamento mais transparente. Se é bom para a administração municipal, por supuesto, favorece a população e também para que se preocupar se quem vai pagar a conta serão futuras gerações e gestões.

Chega a ser cômico como o assunto do empréstimo morreu. Saiu do radar. Não se comenta mais nada e o silêncio indica que prosseguem as negociações para fechamento do contrato até um novo anúncio com pompa e circunstância de obras que serão feitas com os recursos obtidas com financiamento externo e dolarizado. E viva o povo cuiabano que irá pagar a conta como gado que segue para o abate com a arma(dilha) picotando em busca da bala que atingirá os seus bolsos, dos seus filhos, netos e bisnetos. Parabéns aos gestores municipais e legisladores pela grande contribuição com o futuro de Cuiabá.

Para refrescar a memória, o prefeito Emanuel Pinheiro foi para os Estados Unidos e voltou falando que iria construir o Empire State cuiabano, resolveu fazer uma parada de ônibus com containers climatizados e sustentável com grama plantada encima, inaugurou um Pronto Socorro inacabado para garantir em empréstimo de R$ 100 milhões, depois de posar com capacete de construtor e instalar o gabinete na obra. Sem Empire State, as paradas de ônibus morreram no Shopping Pantanal e o Pronto Socorro precisa de socorro urgente para funcionar.

Na cidade, que se prepara para comemorar seus 300 anos, os dirigentes com prenhês de ouvido e surdos para as necessidades reais da população (saúde, educação, ruas limpas e sem buracos) e uma galera de vereadores esfuziantes e satisfeitos com seu trabalho, proporcionam uma triste realidade de abandono. O pior de tudo é que as críticas são entendidas como ofensas e os puxa-sacos e aproveitadores que gravitam em torno do poder são capazes de retaliações gangsterianas de fazer inveja aos capos italianos. O Portal Leiagora sofreu ataques cibernéticos durante a semana com o intuito de retirar do ar reportagens relacionadas justamente as críticas feitas pela população.

Enquanto isso, a saúde continua na UTI. A cidade devastada, suja, esburacada. Os cuiabanos continuam pagando a conta que aumentará mais 430 milhões de reais e quem sabe no futuro conheçam o escudo protetor contra arma(dilha)s, o melhor de todos, o voto exercido com sabedoria.

Por Paulo Pedra