As sessões na Câmara de Cuiabá já têm a fama de ser tumultuada e nesta quinta-feira (24), não foi diferente. Dessa vez, o assunto foi o projeto de lei de autoria da Mesa Diretora aprovado nesta manhã com sete votos contrários. O PL trata de um aditivo salarial para os parlamentares que estão afastados há mais de 15 dias pelo INSS.
A justificativa da Casa ao aprovar a medida foi que o valor pago pelo INSS é muito menor do que o salário de um vereador que hoje ganha R$ 15 mil, precisando então que a Câmara complete até chegar ao valor do salário integral.
“Qualquer cidadão de Cuiabá que fica doente e vai parar no INSS, ganha o que a autarquia paga. A Câmara Municipal está dizendo que o vereador vai ter um presentinho muito especial, podendo sair de auxilio doença e vai poder ganhar da Câmara o valor integral. Por que não somos tratados como os demais cidadãos? Por que somos tratados como donzelas, príncipes?”
Abílio ressaltou que a Câmara irá de dinheiro público para pagar esse parlamentar que se afastar por problemas de saúde. Analisando que a proposta seria boa se fosse para todos os cidadãos cuiabanos e demais brasileiros. “Daqui a pouco metade da Câmara fica doente só para os outros vereadores entrarem na reserva e outra, ficar doente nem é tão difícil assim”.
A discussão foi ao auge, precisando até suspender a sessão por 10 minutos, por causa da emenda modificativa que permite o pagamento retroativo ao início deste ano, o que beneficiaria o vereador e ex-presidente da Casa Justino Malheiros (PV) que está licenciado por motivos de saúde. No entanto, a emenda foi retirada da pauta.
“O pessoal não tem noção. Essa emenda aqui está dizendo que quem saiu de licença saúde desde o inicio deste ano vai receber o valor retroativo. O Justino saiu de licença e vai receber retroativo. Isso aqui é para o Justino. Cara, falta vergonha nessa cara. Vocês não têm noção, depois acham ruim de eu expor”, disparou.
Abílio disse que Justino ganharia, se a emenda fosse aprovada, R$ 10 mil mensal o que equivale a quase R$ 100 mil considerando que o pagamento seria retroativo. Com a declaração, o vereador acabou ganhando uma advertência do presidente da Casa Misael Galvão (PTB) e mais uma por jogar o celular na mesa da presidência.
Na tribuna, o vereador Diego Guimarães (PP) falou que é incoerente ter um PL desse na Casa um dia após ser aprovada a reforma da previdência no Senado.