O ministro de Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, anunciou na manhã desta sexta-feira (24), em entrevista coletiva, que deixa o cargo após ter sido surpreendido, nesta madrugada, com a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
Desde essa quinta-feira (23) já se especulava sobre a saída do ministro. Ele deixa a Pasta devido às interferências do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no cargo e nas investigações da Polícia Federal.
Ao falar com a imprensa, Sérgio Moro deixou claro que a saída do diretor da PF não foi "a pedido", como consta no diário oficial desta sexta-feira. Ele ainda revelou que não assinou o documento, apesar de constar sua rúbrica digital.
Conforme o ministro, Valeixo teria comentado que, diante da posição de Bolsonaro em lhe tirar do cargo, o melhor seria entregar a função, considerando que o momento de pandemia não seria a hora de polemizar. Contudo, Moro afirmou que não se tratou de uma saída espontânea, mas totalmente sob pressão.
Durante o discurso, Moro também revelou que Bolsonaro teria solicitado acesso a relatórios de inteligência movidos pela Polícia Federal, postura que não foi considerada adequada. O ministro ainda ponderou que não houve esse tipo de interferência da Presidência durante as movimentações da Operação Lava Jato, nos governos do PT e MDB.
Após suas justificativas, Moro também alegou que o presidente não o quer no cargo e lamentou ter deixado a magistratura após 22 anos de atuação. No entanto, admitiu que sabia do risco. Agora, segundo ele, seu rumo é indefinido. Ele vai esperar para procurar emprego.
"Para o meu futuro, vou começar a empacotar minhas coisas e vou providenciar aqui o encaminhamento da minha carta de demissão. Eu, infelizmente, não tenho como persistir com o compromisso que assumi sem que eu tenha condições de trabalho e de preservar a autonomia da Polícia Federal", disse.
Ao deixar a coletiva, Moro foi ovacionado pela equipe que deve deixar o ministério junto com ele.
A saída de um dos ministros mais importantes do governo enfraquece ainda mais o presidente Bolsonaro que já estava desgastado após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta ter deixado o cargo.
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