Confiscado pela Justiça Federal, o Hotel Crowne Plaza, localizado em Orlando, nos Estados Unidos, e que fazia parte do patrimônio do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, vai ser leiloado pelo governo federal.
A ordem partiu do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que incluiu na lista ainda joias do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e bens do traficante Luiz Carlos da Rocha, conhecido como "cabeça branca" e "Pablo Escobar do Brasil".
Localizado na Universal Belvedere, uma área nobre em Orlando por ser próximo aos parques da Disney, o hotel foi confiscado pela União em 2003, depois da Operação Arca de Noé, que resultou na prisão do bicheiro por pouco mais de 15 anos.
Em média o estabelecimento teria um faturamento anual de R$ 307 milhões, no pior cenário, segundo o segundo acionista, Zilberto Zanchet, dono de 35% do hotel. No leilão do governo federal, porém, o lugar foi avaliado em 42 milhões de dólares, o equivalente a pouco mais de R$ 220 milhões, na conversão atual.
Para esse leilão foram liberados pela Justiça 3.427 ativos, que devem ser colocados “à venda” no segundo semestre de 2020. Os bens estão sob administração da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e os valores arrecadados são destinados ao Fundo Nacional Antidrogas.
De acordo com o jornal Folha de SP, que veiculou a informação na manhã desta segunda-feira (20), ainda não há data para o leilão do hotel de Arcanjo.
Hotel polêmico
No mês de maio deste ano, o hotel do bicheiro foi envolvido em novo escândalo de corrupção, quando o então interventor do espaço, Francisco Bonfim, teve a prisão decretada pela 7ª Vara Federal de Mato Grosso.
O mandado de prisão, na época, foi expedido pelo juiz Paulo Cézar Alves Sodré, o mesmo que o determinou como interventor do espaço em 2015, um ano após o hotel ser confiscado pela União definitivamente.
Segundo as investigações, Bonfim teria se aproveitado de sua posição e sacou cerca de R$ 22 milhões do caixa do hotel para comprar uma fazenda em Mato Grosso, sem autorização dos outros sócios e sem comunicar a União. Ele acabou afastado das funções ainda em maio, por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Nesse caso de Bonfim ainda houve o envolvimento do juiz Paulo Sodré, que é investigado pela Corregedoria por, supostamente, ser conivente com os crimes de Bonfim. O magistrado teria avalizado a operação bancária de transferência de valores para o Brasil em 2016.