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Notícias / Polícia

22/08/2020 às 17:00

'Violentrômetro' mede níveis de violência e ajuda mulheres identificarem relacionamento abusivo

Disfarçado de amor, as ações podem começar com atitudes que parecem inofensivas como chantagens, mentiras e humilhações.

Luzia Araújo

'Violentrômetro' mede níveis de violência e ajuda mulheres identificarem relacionamento abusivo

Foto: PMMT

A violência contra a mulher ocorre muitas vezes porque a vítima não consegue identificar que certas atitudes do companheiro na realidade são violentas. Esse inimigo silencioso que assombra alguns lares costuma dar sinais bem antes das agressões físicas e psicológicas iniciarem. 

Disfarçado de amor, as ações podem começar com atitudes que parecem inofensivas como chantagens, mentiras e humilhações. Porém, esses são os primeiros sinais de que a mulher está vivendo uma relação violenta e que pode levar ao feminicídio. 

Para ajudar as mulheres que estão passando por esse tipo de violência e ainda não se enxergam como vítimas, a Patrulha Maria da Penha da Polícia Militar, lançou o “Violentrômetro”, um medidor com três níveis de violência que alerta sobre a necessidade de reconhecer e denunciar o agressor.

O folder foi entregue para homens e mulheres, durante a blitz ‘Unidas pela vida e pelo fim da violência”, realizada no centro de Cuiabá e no bairro Pedra 90, nessa sexta-feira (21). A ação faz parte da programação do ‘Agosto Lilás’, mês adotado como um marco para lembrar e intensificar as ações permanentes contra a violência à mulher.  



O “Violentrômetro” apresenta diferentes graus de violência para que as vítimas possam se reconhecer e identificar. A medição começa com chantagens, ciúmes excessivos, proibições e controle do comportamento, passando pela destruição de bens pessoais e empurrões, por exemplo, até ameaças com armas e, infelizmente, os feminicídios. 

A coordenadora da Patrulha Maria da Penha do 1º Comando Regional da Polícia Militar, 1º tenente PM Denise Valadão Alves, explicou que o “Violentrômetro” já existe em outras cidades e serve para mostrar às mulheres que a violência não é apenas física, mas também psicológica, moral, patrimonial e sexual. E, que nos primeiros sinais desses tipos de violência, elas tenham coragem de denunciar, o quanto antes, o agressor, para que não ocorra algo pior como o feminicídio. 

Na ação, o folder foi distribuído com uma cartilha da Maria da Penha e também uma máscara com o lanço lilás, símbolo da campanha de combate à violência.

“Em muitos casos a mulher identifica a violência apenas quando ocorre uma agressão física. Quando está acontecendo uma chantagem ou um controle do agressor, principalmente, na parte patrimonial, quando ele pega o dinheiro da vítima, destrói documentos pessoais ou o celular, muitas vezes, as mulheres não entendem como violência doméstica. Então, é importante alertar sobre os sinais da violência doméstica desde o início, para que a vítima consiga denunciar o mais rápido possível o agressor, para que não ocorra algo pior, como o feminicídio”. 

A militar explicou também que o material ajuda não só a mulher, mas serve também para o homem que não consegue se identificar como violento, além de familiares e amigos para apoiar a vítima a deixar um relacionamento abusivo. O “Violentrômetro” estará disponível nas redes sociais da Polícia Militar e da Patrulha Maria da Penha.

“Todos nós somos responsáveis por esse enfrentamento. Existem muitas pessoas passando por isso e achando que é normal, quando na realidade, são sinais de um relacionamento abusivo, que podem só progredir para um fim trágico”, destacou a tenente.

Perfil da vítima 

Um relatório publicado pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá (DEDM), na última semana, mostrou que em Cuiabá, o dia da semana com mais número de ocorrências é a quarta-feira, com 15,7%, o que representa 464 ocorrências registradas, seguido pela segunda-feira, com 15,1%.

O Pedra 90 é o bairro com a número de registro de violência contra a mulher, seguido pelo bairro Doutor Fábio e Dom Aquino. Os dados são referentes ao ano de 2019.

A maioria das vítimas se declara solteiras e tem entre 35 a 45 anos. O maior número dos casos atendidos foi registrado no período noturno, com 31,6%, ou seja, 936 fatos ocorridos entre 18h e 23h59. Se somados às ocorrências da madrugada (8,9%), esse percentual alcança mais de 40% dos registros atendidos na delegacia.

O crime de ameaça continua sendo o de maior incidência entre as denúncias registradas na Delegacia da Mulher de Cuiabá, com 58,9%, seguido por injúria, que representa 54,4% e lesão corporal com 16,5%.  

Já em relação à motivação dos crimes praticados, de acordo com o levantamento e os atendimentos realizados pela equipe da delegacia, não há elemento potencializador para a prática da violência, conforme indicam as vítimas em seus relatos.  Com a motivação “a apurar’, os crimes chegam ao percentual de 58%, seguido pela motivação ‘passional’, com 25,9%.

Para a  delegada titular da DEDM de Cuiabá, Jozirlethe Criveletto, a maioria das vítimas não indica que tenha havido um fator potencializador para a prática da violência.

“A cultura machista, os valores adquiridos, a educação e os costumes estão nesse conjunto de motivações a apurar. Dessa forma, percebemos que o machismo ainda é um fator principal considerado pela vítima, seguido de sentimentos como ciúmes, de posse, de pertencimento, que somam outros 25,9% das motivações nas ocorrências atendidas”.

O Anuário da DEDM de Cuiabá traz ainda informações sobre o pós-atendimento às vítimas. “É imprescindível a existência de banco de dados, de pesquisas e análises estatísticas, com registros mais apurados a fim de que se permita melhor trabalhar as políticas públicas e garantir a eficácia do que já é prescrito em nossa Constituição Federal, o direito à vida e a liberdade”, pontua a delegada.

Em 2019, a Delegacia da Mulher realizou 3.022 procedimentos relacionados a vítimas femininas de violência doméstica e sexual. Esse número representa 4% a mais que os atendimentos do ano anterior, quando foram feitos 2.914 procedimentos. 

Confira o Relatório Estatístico e Análise dos Atendimentos na Delegacia Especializada de Defesa da Mulher em 2019, clicando aqui. 

Canais para denúncia

‘NÃO SE CALE’, denuncie: 190, (65) 3901-4277(Delegacia Especializada de Defesa da Mulher), e (65) 3613-8200 e 98463-6782(Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública).

 
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