Mais da metade dos estudantes que se inscreveram para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Mato Grosso não compareceram para fazer a prova nesse domingo (17), primeiro dia de exame.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação da prova, 98.924 pessoas se inscreveram para o exame presencial em Mato Grosso, mas apenas 42.426 compareceram. O número representa uma abstenção de 57,1% dos inscritos, equivalente a 56.498 alunos, o que supera a média nacional de 51,5% de ausência.
Os dados constam em relatório apresentado pelo Inep na noite de domingo.
Com a alta taxa de faltosos, Mato Grosso foi o estado com a terceira maior taxa de abstenções, ficando atrás apenas de Roraima (59,3%) e Mato Grosso do Sul (57,2%), considerando que o estado de Rondônia, apesar de ter 64,5% de ausência, deixou de aplicar a prova em dois municípios, por determinação judicial.
Segundo os dados do Inep, essa ausência registrada no primeiro dia do Enem 2020 foi a maior de toda a história do exame, que acompanha os dados desde 2009.
Antes, a maior taxa de faltosos tinha sido registrada em 2018, quando, naquele ano, 24,9% dos inscritos não foram realizar a prova. Na época, o número de estudantes que se inscreveram era semelhante ao de 2020: 5.513.662, frente aos 5.523.029 de 2020.
O fator mais apontado como justificativa para a massiva ausência em 2020 foi a pandemia da covid-19, que levou, inclusive, ao adiamento da prova, tradicionalmente realizada em novembro. Em coletiva de imprensa na noite de domingo, porém, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, atribuiu a culpa da alta taxa de faltosos também à imprensa.
“Tivemos um número de abstenção maior [do que em 2019], em parte pela dureza e pela questão do medo da contaminação. Em parte também por um trabalho de mídia contrário ao Enem muito grande. Isso é fato. De uma maneira até meio injusta. Não foi o mesmo trabalho de mídia feito contra o exame da Fuvest, em São Paulo”, criticou o ministro.
A alta taxa de abstenção, porém, já era prevista por gestores da Educação e até mesmo por diversos defensores públicos, que entraram com ações em todos os Estados na tentativa de adiar a aplicação das provas.
Em Mato Grosso, ao menos duas ações foram propostas na Justiça Federal. Uma movida pelo deputado estadual e médico sanitarista, Lúdio Cabral (PT), que alertou para o crescimento de casos de covid-19 e taxas de abstenção em seu processo. Os defensores públicos Renan Sotto Mayor, da Defensoria Pública da União (DPU-MT), e Fábio Barbosa, da Defensoria do Estado, também acionaram a Justiça alegando que a aplicação da prova poderia causar ainda mais desigualdades.
Ambos também citaram o aumento na taxa de ocupação das UTIs em Mato Grosso e o impacto da prova nas próximas semanas. Contudo, nenhum dos pedidos foi atendido.
Clique aqui, entre na comunidade de WhatsApp do Leiagora e receba notícias em tempo real.
Siga-nos no Twitter e acompanhe as notícias em primeira mão.
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços. Ao utilizar nosso site, você concorda com tal monitoramento. Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.