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15/06/2021 às 15:32

‘Era evidente que um desses adolescentes uma hora iria matar alguém’, diz MPE sobre Cestaris

Camilla Zeni

O promotor de Justiça Jaime Romaquelli, do Ministério Público de Mato Grosso (MPE), afirmou que o descaso de Marcelo e Gaby Cestari na custódia das armas de fogo da família, bem como na relação dos filhos com o armamento era tão grande que não haveria dúvida de que, em algum momento, algo trágico aconteceria. 

"Esse comportamento dos denunciados, recheados de atos comissivos e omissivos, constituíram o roteiro lógico para o acontecimento (homicídio doloso) ocorrido no dia 12.7.2020. Era evidente que um desses adolescentes uma hora iria matar uma pessoa - alguém", diz o pedido de aditamento da denúncia contra o casal.

Conforme o Leiagora adiantou, o promotor pediu a mudança da tipificação do crime pelo qual Marcelo e Gaby foram denunciados, em relação ao assassinato da adolescente Isabele Guimarães Ramos, ocorrida na casa do casal. Antes, eles respondiam por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Agora o MPE os acusa de dolo, ou seja, de crime intencional. 

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O promotor sustenta que não havia regras na casa da família em relação ao uso de arma de fogo. Destaca que em 2019 o casal Cestari passou a frequentar clube de tiro, adquirindo inclusive um significativo número de armas, até mesmo de fuzis. Ainda, que a prática de tiro esportivo por adolescentes "impõe severo cuidado por parte das pessoas maiores de idade que os representam e os acompanham no esporte". 

Romaquelli aponta que a adolescente condenada pela morte de Isabele se exibia com frequência, em fotos e vídeos nas redes sociais, empunhando armas, apontando-as para quem a filmava, "deixando a clara visão de que estava em seu quarto, sem a presença de qualquer dos pais".

No dia em que Isabele foi morta, em 12 de julho de 2020, Marcelo Cestari fazia manutenção nas armas e, segundo o MPE, teria as deixado espalhadas pela casa, "acessíveis aos adolescentes". A manutenção se dava porque, na semana seguinte, a família iria utilizadas.

O promotor cita também que, quando o namorado da adolescente levou duas armas para a casa da família, todos os membros da casa as manusearam, sabendo que o carregador estava municiado. Nesse fato, Romaquelli diz ser "insana" a presença dos pais no local, que, irresponsavelmente, deixaram os filhos fazerem um "acionamento a seco" do gatilho.

Romaquelli ainda aponta que as armas permaneceram no local durante horas, ao alcance de todos os adolescentes, sendo que apenas à noite o pai, Marcelo Cestari, determinou que as armas fossem guardadas. Entretanto, no caminho, a adolescente entrou em seu quarto e atirou na amiga, que estava no banheiro. 

"A arma, desde o início, estava com munições no carregador, e isso era de conhecimento de todos. Aquele que, no interior da própria casa, entrega e confia a guarda absolutamente desvigiada de armas à filha de 14 anos de idade, com possibilidade de acesso à munições, assume o risco de causar o evento morte, pelo acionamento de uma das armas. Esse resultado (homicídio) era evidente para qualquer ser humano de mediano entendimento", afirma. 

Por conta do assassinado, ocorrido no banheiro do quarto da filha do casal, Gaby Cestari também recolheu diversos equipamentos bélicos, às pressas, para "amainar" a cena do crime, segundo o promotor. Ela chegou a ser alertada por um técnico do Samu, de que se tratava da cena de um crime, mas o profissional foi repreendido por Marcelo.

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