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08/02/2022 às 07:52 | Atualizada: 08/02/2022 às 08:11

Justiça recebe nova denúncia contra Ledur por torturar ex-aluno

Denise Soares

O juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, Especializada em Justiça Militar, recebeu a nova denúncia contra a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps, de 33 anos.

No mês passado, ela foi denunciada pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) por suspeita de torturar um ex-aluno durante uma prova aquática do curso de formação de bombeiros no estado.
 Agora, ela se tornou ré neste caso.

O magistrado marcou para o dia 17 de março a sessão de sorteio do Conselho de Sentença. 

A tortura teria ocorrido no treinamento entre os meses de janeiro e fevereiro de 2016 contra Maurício Júnior dos Santos, que até então era aluno. Ele saiu da corporação em março daquele ano.
 
Leiagora tenta falar com a defesa da tenente.
 
Ledur ficou conhecida depois de ser acusada da morte do aluno dos bombeiros Rodrigo Claro, de 21 anos, em novembro de 2016, em Cuiabá.

Em 2021, a Justiça desconsiderou o crime de tortura e a condenou a cumprir um ano de prisão, em regime aberto, pelo crime de maus-tratos.

Maurício foi testemunha no processo de Rodrigo Claro, onde relatou ter presenciado as atitudes da tenente.

A denúncia, protocolada na Justiça no dia 21 deste mês, é assinada pelo promotor Paulo Henrique Amaral Motta, da 13ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital Crimes Militares.

Caso parecido

Maurício passou a integrar o 4º pelotão do curso, onde recebia instruções teóricas, aulas práticas de prevenção de incêndios, salvamento terrestre, salvamento em altura e salvamento aquático.

O rapaz, mesmo com bom condicionamento físico, demonstrou dificuldades na execução das atividades aquáticas, o que era visível a todos os alunos e instrutores.
 
Ele ainda se sentia pressionado uma vez que Ledur era conhecida por utilizar métodos reprováveis para “castigar” alguns alunos que estavam sob sua guarda.
 
Certo dia, em um treinamento, os alunos praticaram corrida, flexões, polichinelos, abdominais e finalizavam a etapa com uma travessia na Lagoa Trevisan, liderada por Ledur.
 
Após percorrer cerca de 40 metros, a vítima começou a sentir câimbras, sendo auxiliada por outros alunos.  
 
“Ocorre que, já no meio do percurso, Ledur determinou que os demais alunos seguissem com a travessia, deixando Maurício para trás. A partir daí, como forma de aplicar castigo pessoal, a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da boia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes”, consta trecho da denúncia.
 
Ainda conforme o documento do MPMT, após engolir água e gritar por socorro, Maurício segurou nos braços de Ledur e pediu que ela parasse.
 
“Ledur, por sua vez, além de a repreender gritando “Você está louco? Aluno encostando em oficial”, só interrompeu a sessão de afogamento quando a vítima perdeu a consciência. Pouco tempo depois, o ofendido acordou desesperado, já nas margens da lagoa, momento em que veio a vomitar bastante água. Se não bastasse, mesmo a vítima apresentando esgotamento físico e mental, a denunciada exigia, aos gritos, que Maurício retornasse para a água”, completou a denúncia.
 
Em seguida, Maurício desmaiou novamente, sendo encaminhado à Policlínica do Coxipó, em Cuiabá. O prontuário médico apontava que o paciente “foi submetido a esforço físico desgastante, sofreu desmaio, vômitos, 3 episódios, tremor e dor torácica”.
 
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