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20/02/2020 às 16:09 | Atualizada: 21/02/2020 às 08:15

Desembargador homologa delação premiada de José Riva

Camilla Zeni

O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Marcos Machado, homologou nesta quinta-feira (20) a delação do ex-deputado estadual José Geraldo Riva. Ex-presidente da Assembleia Legislativa, Riva teria delatado outros 38 políticos, envolvidos em esquemas de corrupção. 

No início do mês, Riva esteve no TJMT com seus advogados, para uma audiência com Marcos Machado. Na ocasião, o desembargador deu ao ex-deputado a oportunidade de alterar as informações prestadas, incluindo novos fatos que poderiam estar omitidos.

O ex-deputado teria entregue um esquema de mais de 20 anos entre governo do Estado e Assembleia Legislativa. Além disso, também citou membros do Poder Judiciário, segundo o desembargador Marcos Machado pontuou no
termo de homologação da delação.

Conforme o documento, os fatos levados por Riva juntaram 57 caixas, com provas e declarações sobre os crimes praticados pelo que Marcos Machado chamou de "organização criminosa".

Em outubro de 2019, um documento, que seria um aditivo à delação de Riva, foi vazado na imprensa. Ele narrava fatos e relacionava diversos ex-deputados e parlamentares que ainda atuam na Assembleia Legislativa.

Um dos escândalos narrados por Riva, segundo o tal documento, foi os valores pagos para eleição das mesas diretoras da Assembleia. Em uma delas, chegou-se a gastar mais de R$ 10 milhões para eleger - ou manter no poder - os dirigentes da Casa de Leis. Ao longo dos anos, teria-se gastado mais de R$ 40 milhões nas eleições da Assembleia. 

Os valores também tinham origens variadas, sendo que os empresários Valdir Piran, Júnior Mendonça e Rômulo Botelho foram citados como financiadores das transações ilegais.

Riva também denunciou cerca de R$ 175 milhões em pagamentos "extras" para deputados da Assembleia, desde o governo Dante de Oliveira (1995).

A delação de José Riva, que já foi conhecido como o político mais corrupto do Brasil, é negociada há cerca de três anos com o Ministério Público.

Uma das tratativas, iniciadas em 2017, chegou até o Supremo Tribunal Federal, mas o ex-político perdeu a oportunidade de firmar o acordo de colaboração porque o ministro Luiz Fux entendeu que ele não havia parado de praticar crimes. Ele chegou a recorrer da decisão, mas teve o recurso negado.


No TJMT, a ação que envolve a delação do ex-deputado corre em sigilo.
 
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