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27/05/2020 às 08:25 | Atualizada: 27/05/2020 às 08:27

Familiares negam casos de covid-19 para não seguir protocolo de enterro, alega governo

Camilla Zeni

Mato Grosso já registrou, em menos de dois meses, 43 mortes em razão do novo coronavírus, e alguns desses casos tiveram os diagnósticos questionados por familiares. Para o secretário de Saúde do Estado, Gilberto Figueiredo, isso acontece porque o protocolo para velório e sepultamento nos casos da infecção é “desconfortável” para os parentes das vítimas.

A declaração do secretário foi dada em coletiva de imprensa nesta terça-feira (26), quando ele foi questionado sobre a morte por covid-19 de um caminhoneiro, registrada em Rondonópolis (212 km de Cuiabá) no último domingo (23).

“Os familiares preferem que não seja diagnóstico por covid porque a partir do momento que uma autoridade médica declara que aquele paciente foi à óbito por coronavírus, existe um protocolo estabelecido que determina que esse sepultamento tem uma característica diferente”, avaliou o gestor.

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Segundo o protocolo determinado pelas autoridades de Saúde, nesses casos, a família fica impedida de fazer os velórios, quando recebem amigos da vítima para uma última homenagem. Além disso, o corpo é preparado no hospital e segue direto para o sepultamento, com o caixão lacrado. A família, portanto, não tem chances de se despedir. 

Mesmo no cemitério, o protocolo de enterro para vítimas do coronavírus determina que um número reduzido de familiares esteja presente no sepultamento, que vai acontecer a uma distância segura. Em alguns casos, determina-se, pelo menos, 20 metros.

“Isso é desconfortável para os familiares, muito desconfortável. Por isso sempre há uma resistência de aceitar um diagnóstico, principalmente quando é dessa maneira”, completou.

Teste sem eficácia
De acordo com Gilberto, no caso específico da vítima de Rondonópolis, o exame que atestou a morte do caminhoneiro foi do tipo “teste rápido”. Embora a infecção tenha sido confirmada pela secretaria de Saúde do município, o gestor estadual afirmou que esse exame não tem caráter de diagnóstico e é descartado pelo Estado. Por isso essa morte não foi confirmada no boletim informativo divulgado na segunda-feira (25). 

A eficácia dos testes rápidos já tinha sido colocada em cheque pelo secretário em ocasiões anteriores. Em outras entrevistas, Gilberto avaliou que ele tem mais chances de apresentar falsos resultados. 

Nessa terça-feira o secretário explicou que os testes rápidos têm de 10 a 44% de chance de apontar falsos negativos. Nesses casos, disse o secretário, essa informação é preocupante porque o paciente, que possivelmente está infectado, segue a vida normalmente, acreditando que não tem a doença. Assim, acaba transmitindo o vírus por onde passa.

Ele explicou que os testes usados pelo Laboratório Central do Estado são do tipo PCR, que utilizam outra metodologia de análise. Esse resultado pode demorar até 72 horas e é 100% garantido, segundo Gilberto. Em razão da demora da análise, porém, acontece de o resultado ser divulgado apenas após o sepultamento das vítimas. 
 
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