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11/07/2020 às 08:02 | Atualizada: 11/07/2020 às 08:04

Emanuel culpa falta de preparo do interior: MT como epicentro era ‘morte anunciada’

Camilla Zeni

A falta de estrutura para combater a pandemia da covid-19 no interior de Mato Grosso não apenas sobrecarregou o sistema de saúde de Cuiabá, como também deu ao estado o status de epicentro da doença no Brasil. A avaliação foi feita pelo prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB).

Conforme o prefeito, quase 70% dos atendimentos realizados no sistema de saúde de Cuiabá são para pacientes que moram no interior do Estado. Isso é reflexo, segundo ele, da falta de estrutura dos municípios e resultado de uma má preparação do governo do Estado para enfrentar a pandemia.

“Mato Grosso, a região centro-oeste ser epicentro, já era uma morte anunciada, uma notícia esperada previamente. Em relação a Mato Grosso, a interiorização do vírus é uma coisa que eu mesmo vinha anunciado há muito tempo. Há uma desestruturação do sistema de saúde no interior do estado e o centro-oeste não foge muito à regra”, comentou o gestor, durante entrevista à CNN Brasil, nesta sexta-feira (10).

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O gestor destacou que, no início da pandemia, mais de 70% dos casos estavam na capital, enquanto, atualmente, a situação se inverteu, sendo Cuiabá responsável por pouco mais de 20% dos pacientes infectados.

“Ontem fechamos aqui que, só nos leitos exclusivos para covid-19 que a capital disponibiliza para a população, que são 95, 60% ontem eram do interior do Estado e tenho certeza que não é muito diferente nos leitos privados”, apontou.

O prefeito também voltou a alegar ser injusta a decisão judicial que obrigou quarentena para a população cuiabana, uma vez que a maior parte dos municípios do interior do estado seguem com as atividades liberadas. 

“Do ponto de vista político, devemos ter a conscientização de que precisamos não sobrecarregar e não demonizar Cuiabá. A partir do momento que decisões judiciais, sem nenhum respaldo técnico, querem determinar medidas para a Capital e a região metropolitana, e deixam aberto todo o interior, é injusto”, avaliou o prefeito.

Emanuel aproveitou a oportunidade para ressaltar sua opinião contra a decisão judicial, argumentando que haveria uma invasão de competência por parte do Judiciário. Contudo, essas alegações já foram apresentadas no Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal (STF), sendo que as duas cortes negaram os recursos do município.

Atualmente a prefeitura aguarda a análise de uma última reclamação, que está nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Nela, o prefeito também alegou a invasão de competência, argumentando que o STF já havia reconhecido a autonomia dos gestores municipais para adotarem as medidas contra a pandemia.
 
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