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05/02/2021 às 15:00

Marreta usava estrutura e confiança do CV para obter vantagens financeiras

Camilla Zeni

Luciano Mariano da Silva, conhecido como Marreta, usava a estrutura do Comando Vermelho para obter vantagens financeiras. O criminoso, que atuava em Mato Grosso mesmo antes da facção ganhar notoriedade, já foi um dos líderes do CV e, atualmente, atuava como Conselho Fiscal.

De acordo com o Delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Judiciária Civil, Frederico Murta, Marreta tem seu próprio grupo criminoso, que envolve familiares e, inclusive, membros de fora de Mato Grosso.

“Essa organização é composta por integrantes de outras organizações, e daí a origem do nome ‘parasita’. Ele utilizava da estrutura de outra organização para aferir suas vantagens. Às vezes os valores se confundiam, mas grande parte do que ele fazia não era para a organização que ele também pertence, mas para seu proveito próprio”, explicou o delegado, em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (5).

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“Sempre existiu uma outra organização da qual ele é integrante. Ele utilizava daquela logística e da confiança que tinham nele, até pelo tempo que ele está aqui no estado. Ele é uma figura muito conhecida no meio criminoso, então ele utilizava da confiança para continuar mantendo paralelamente a organização dele e não ter nenhum problema com a facção amiga”, completou.

Marreta, que está preso desde 2017 e cumpre pena de mais de 93 anos de prisão, foi alvo da Operação Parasita, deflagrada nesta manhã pela pelas polícias Federal e Civil. Ao todo 21 mandados de prisão foram expedidos, sendo que 20 foram cumpridos. 

Segundo as investigações, a organização criminosa liderada por Marreta monopolizava o tráfico de drogas em alguns municípios do interior. Por meio de “franquias”, o criminoso mantinha conexões e relações comerciais com outras organizações e recebia pagamento de taxas mensais dos membros do grupo. Além disso, todos eram obrigados a repassar boa parte dos lucros das atividades ao criminoso.

Conforme o delegado, os próprios criminosos eram responsáveis por fazer a gerência financeira e contábil dos valores arrecadados com o crime. Além disso, todos os envolvidos tinham consciência dos crimes cometidos, não tendo sido identificado nenhum laranja até o momento. 

Até o momento, as investigações apontaram uma movimentação de R$ 18 milhões nos últimos dois anos. Para a movimentação, os investigados usavam a técnica conhecida como “smurf”, sendo pequenas transferências, com o intuito de fazê-las passar despercebidas. 

As investigações ainda apontaram imóveis e veículos comprados em nome dos pais e da filha do líder Marreta. Os bens teriam sido comprados para lavagem de dinheiro.
 
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