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Artigos / Colunas / Rosana Leite Antunes de Barros

22/08/2022 às 14:09

ONG Me Too

Tomou corpo na semana anterior várias situações de assédio sexual narradas por mulheres, e cometidas por uma autoridade do Sistema de Justiça de São Paulo. Procuraram a ONG Me Too, com a finalidade de conseguirem reagir aos fatos criminosos que sofreram.

Os assédios sexuais, além de traumatizantes trazem uma carga de desespero para as vítimas, porquanto, muitas vezes, o delituoso não costuma deixar provas dos atos. Sempre é importante mencionar que a palavra da vítima se compraz de enorme importância no contexto probatório. Todavia, o temor existe, pois o assediador na maioria das vezes utiliza o seu ‘poder’ para cometer os crimes.

No caso trazido aos holofotes da mídia, além de importante autoridade do Sistema de Justiça, o agressor lecionava em cursinho preparatório para concursos de renome nacional. O contato com pessoas era imenso, e em destaque pelas ocupações que exercia. Algumas mulheres, por anos, trocavam mensagens relatando a forma que o homem as tratava, tanto em seu gabinete, quanto no espaço de ensino exercendo a docência.

Algumas, então, buscaram pela ONG Me Too, que se constitui em entidade a ouvir e tomar providências em prol de mulheres vítimas dos delitos de assédio sexual. Mencionada ONG vem prestando enorme serviço à sociedade. A principal missão é ajudar mulheres vítimas de violência sexual a romperem o silêncio. Também, tenciona ampliar a voz e dar visibilidade a mulheres pelos abusos sexuais enfrentados, mostrando que meninas e mulheres não estão sozinhas. A equipe se constitui em total voluntariado, contando com mulheres e homens comprometidos em combater a violência sexual no país.

Luanda Pires, diretora de relações institucionais da Me Too Brasil, relata a fragilidade e a demora da maioria das vítimas em tomarem uma atitude: “É muito comum que vítimas levem pelo menos de 3 a 5 anos para conseguirem falar sobre isso.”

De fato, é bastante complicado para muitas meninas e mulheres buscarem ajuda em casos de violência sexual. Logo, todo amparo de redes de proteção e atenção e ONGs fazem a diferença, proporcionando segurança para elas.

Narram as mulheres vítimas desses delitos que a primeira impressão é o descrédito delas próprias em estarem enfrentando aquela situação. Elas acabam se questionando se entenderam corretamente a ‘mensagem’ criminosa e abusiva do agressor. Justamente por isso, muitas aguardam outras investidas para poderem tomar qualquer atitude, sem que não saiam prejudicadas e revitimizadas.

Outro fator que as faz refletir melhor antes de tomarem atitudes contra o assediador é o temor de que não tenham crédito na respectiva fala. É preciso esclarecer que o tratamento a ser dispensado em todo e qualquer lugar e situação é, sem dúvida, de absoluto respeito. Se algo não está de acordo com o tratamento respeitoso e equânime, há necessidade de se fazer algo, seja contra quem for.

Tem acontecido, de uns tempos para cá, várias ondas de denúncias contra abusadores sexuais. Geralmente, essas pessoas não atuam apenas contra uma pessoa e não cometem apenas um fato. Assim, muito importante, caso entenda que está sendo vítima, o relato do fato para alguém próximo ou próxima e de confiança, que poderá proporcionar amparo e ajuda neste momento.

A omissão carrega o fardo de não cessar com os acontecimentos, trazendo a possibilidade de ocorrência com novas vítimas. A ‘bola de neve’, ou seja, as muitas denúncias de inúmeras vítimas precisa de um ‘start’. Aliás, como está acontecendo com o fato narrado na mídia e aqui tratado.

Tem sido consolador e empático os movimentos de mulheres, vítimas ou não, de assédios ‘em série’ no mundo. Basta uma expor, e as demais narram com facilidade outras situações. Inclusive, as redes sociais tem sido aliadas neste sentido.

É preciso entender que a procura ao Poder Público para essas narrativas desaguará na obrigação de investigar. O que tempos atrás era direcionado para ‘debaixo do tapete’, hoje não mais.

Procure uma Defensoria Pública, o Ministério Público, a Delegacia da Mulher, ONGs, Movimentos de Mulheres, Conselhos de Direitos... Ligue 190, 180, ou procure a Delegacia de Polícia mais próxima. De mais a mais, a ONG Me Too também está à disposição pelo celular (011) 99636-1212.  
 
O silêncio e a solidão são as piores companhia nesses casos. “Companheira me ajude/Eu não posso andar só/ Eu sozinha ando bem/ Mas, com você ando melhor.”  
 

Rosana Leite Antunes de Barros

Rosana Leite Antunes de Barros
Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.
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