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Notícias / Literatura

26/01/2022 às 09:50

Livro publicado por professora de VG aponta a importância de combater o racismo nas escolas

Obra foi distribuída no município em instituições públicas de ensino e está sendo vendida na livraria Janina

Priscila Mendes

Livro publicado por professora de VG aponta a importância de combater o racismo nas escolas

Foto: Divulgação

A desigualdade racial no Brasil persiste até os dias atuais. Dados divulgados em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que os negros representavam 70% do grupo abaixo da linha da pobreza. Na educação, essa desigualdade é evidente e o combate a ela é indispensável para qualquer mudança.

Por tudo isso, a professora Rosana Fátima de Arruda
lançou o livro "Motivação eEducação para as Relações Étnico-Raciais: paradigmas e desafios em uma escola de Cuiabá - MT". A obra pode ser adquirida nas livrarias Janina.

Rosana é
ativista do Instituto de Mulheres Negras (Imune), conselheira do Conselho Municipal Promoção De Igualdade Racial (CMPIR) de Várzea Grande e presidente do Conselho de Alimentação Escolar (CMAE) do município. A autora observou por mais de duas décadas de trabalho em salas de aula as mais diversas formas de desigualdade racial no ambiente escolar.

A escritora, aorefletir sobre a realidade dos alunos negros, percebeu a necessidade de entender as relações sociais que estavam baseadas na cor, no fenótipo.

O envolvimento com alunos e professores possibilitou à pesquisadora Rosana fazer comparações e análises mais gerais do desempenho escolar dos alunos da escola. “[Acerca da] evasão dos alunos negros constatei que a grande maioria tinha familiares desempregados [...] e que a maioria dos alunos agressivos e repetentes eram negros. O histórico familiar dos estudantes oscilava entre morar com avós, tios, pais separados ou não, mas todos tinham a violência como algo em comum”, relatou.

Na análise da professora, os paradigmas e desafios deveriam romper com a prática do negacionismo do racismo, de que o Brasil viva numa democracia racial, de que todos têm as mesmas oportunidades e de que o sucesso é marcado pela meritocracia. “É preciso entender e compreender que o racismo (podendo ser manifestado como preconceito, discriminação direta ou indireta, ou até como injuria racial) está presente na vida cotidiana”, alerta.

Ter o conhecimento e consciência de que o racismo é estruturante e o combate no campo educacional é a educação das relações étnico-raciais a incentivou a continuar a pesquisa. “Mobilizei a escola para propor algumas mudanças no currículo escolar, então criei um grupo de teatro, que aos finais de semana, eu os atendia trabalhando algumas técnicas de socialização e respeito. Convidei palestrantes, pessoas especialistas que trabalhavam no Projeto Fortalecer da Promotoria de Justiça (projeto criado para diminuir as faltas das crianças na escola) para palestrar aos pais da escola. Ainda, propus à escola uma rediscussão dos temas a ser abordado e sugeri que um bimestre fosse trabalhado a questão racial e que um dos temas da sala do professor fosse direcionado para esse foco. A princípio foi bem aceita entre os professores, porém com a proximidade do desenvolvimento do tema algumas colocações começaram a surgir como: Vamos falar só sobre negros? Como valorizar e fazer as crianças se aceitarem como negras? Como enfocar o candomblé, se uma grande parcela dos alunos são cristões? Hoje o que caracteriza uma pessoa como negra: a cor da pele ou ascendência? São questionamentos que me incomodaram e que superei com estudos, reflexões e práticas coerentes”, descreveu.

O livro

"Motivação eEducação para as Relações Étnico-Raciais: paradigmas e desafios em uma escola de Cuiabá - MT" foi publicado pela Editora Carlini & Caniato, com recursos da Lei Aldir Blanc, aprovado no edital MT Nascentes, da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel/MT), e foi distribuído em todas escolas públicas de Várzea Grande, nas bibliotecas e universidades, com a finalidade de compartilhar o resultado da pesquisa,que tem o objetivo de evidenciar a prática pedagógica antirracistas.

A obra possui uma linguagem acessível, conceitos sobre o fenômeno do racismo, estratégias de práticas antirracistas para fazer parte do PPP e os caminhos que o município pode tomar para estabelecer políticas públicas e fortalecer o currículo escolar.

Com assessoria
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