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14/07/2021 às 16:47

Mensagens mostram que Caboclo pedia para funcionária providenciar vinhos

Funcionária que denunciou o dirigente por assédio relata em documento que ele trabalhava frequentemente alcoolizado

Globo Esporte

Mensagens mostram que Caboclo pedia para funcionária providenciar vinhos

Foto: Kaio Lakaio/Placar

Em pelo menos 11 ocasiões entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, o presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, pediu para sua assistente pessoal providenciar garrafas de vinho na sede da entidade ou em viagens a trabalho.

É o que revelam conversas de WhatsApp entre o dirigente e a funcionária, que no mês passado apresentou uma denúncia de assédio sexual e moral contra ele à Comissão de Ética da CBF. Por causa dessa denúncia, revelada pelo ge, Caboclo está afastado da presidência da entidade desde o dia 6 de junho. Ele nega as acusações.

Cópias dessas conversas, às quais o ge teve acesso, foram anexadas ao processo. Na acusação, a funcionária afirmou que Rogério Caboclo trabalhava frequentemente alcoolizado. Ele nega. Outros depoimentos prestados tanto à Comissão de Ética quanto ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério Público do Rio de Janeiro citam o consumo de álcool do dirigente.

Na última sexta-feira, o ge revelou o conteúdo do depoimento da funcionária à Comissão de Ética da CBF. Ela detalhou uma rotina de consumo de bebida alcoólica por parte do dirigente em horário de trabalho, em viagens e em eventos nos quais aparecia publicamente, como reuniões com clubes e federações.

Em resposta à reportagem, a defesa do dirigente afirmou que "o presidente Rogério Caboclo nega veementemente o consumo de bebida alcóolica durante o expediente, seja na CBF ou em viagens".

As conversas

Em 4 de fevereiro de 2020, os dois estavam em uma viagem a trabalho quando se deu o seguinte diálogo:

12h19 - Funcionária:
Os pilotos chegaram e o trânsito melhorou. Já pedi para as pessoas nos encontrarem no lobby para sairmos.

12h20 - Rogério Caboclo:
Ok. Descemos em 5'.

12h21 - Funcionária:
Ok.

12h28 - Funcionária:
Chefe, estou fazendo seu check out. Os vinhos você paga à parte ou posso faturar?

12h28 - Rogério Caboclo:
Fatura.

No depoimento que deu à Comissão de Ética, a funcionária contou que durante as viagens a trabalho era orientada a pedir garrafas de vinho em sua própria conta nos hotéis, para não lançar o consumo na conta de Caboclo. De acordo com ela, o dirigente dava o valor correspondente em dinheiro para que ela pagasse as bebidas anotadas no quarto dela. Uma conversa de WhatsApp ocorrida em 11 de fevereiro de 2020 ilustra essa situação.

13h18 - Rogério Caboclo:
Vc pede um vinho de uns 100 até 150 euros no seu quarto e leva para o meu. Assim, eu pago no final. Meu quarto está debitado na Conmebol.

13h21 - Funcionária:
Ok!

Tanto na denúncia quanto no depoimento que prestou à Comissão de Ética da CBF, a funcionária afirmou que era orientada a deixar garrafas de vinho na sala do presidente e no banheiro do gabinete da presidência. A conversa a seguir ocorreu no dia 5 de maio de 2020:

15h41 - Rogério Caboclo:
Pode pôr vinho lá?

15h47 - Funcionária:
Coloquei 3 garrafas hoje mais cedo! Tirei uma que estava vazia para jogar fora também.

15h59 - Rogério Caboclo:
Ok.

Outra conversa desse tipo foi registrada no dia 4 de junho de 2020:

13h38 - Rogério Caboclo:
Pode repor os vinhos?

13h39 - Funcionária:
Oi, Chefe! Coloquei 3 lá. Um de cada.

O último registro de conversas desse tipo é de 11 de fevereiro de 2021, quando o dirigente e sua assistente pessoal estavam no Catar para acompanhar a disputa do Mundial de Clubes.

10h11 - Rogério Caboclo:
Onde vc está?

10h12 - Funcionária:
No meu quarto

10h18 - Rogério Caboclo:
Pode descer no FIFA?

10h19 - Funcionária:
Ok

10h19 - Rogério Caboclo:
Leve os ingressos

10h24 - Funcionária:
Estou aqui

10h28 - Rogério Caboclo:
Pede um vinho

11h11 - Funcionária:
Avisa quando estiverem descendo, por favor?

Conversas gravadas

No mês seguinte, março de 2021, ocorreu a conversa gravada pela funcionária na sala do presidente em que ele pergunta se ela se masturba. O áudio desse diálogo foi revelado pelo "Fantástico" no dia 6 de junho, data em que Caboclo foi afastado da presidência da CBF pelo Conselho de Ética da entidade.

No dia 1º de abril, a funcionária gravou outra conversa, na qual o dirigente admite que "foi um erro" ter usado o termo "cadelinha" e ter oferecido biscoito de cachorro para ela. Esse diálogo foi revelado pelo "Esporte Espetacular" no dia 11 de julho.

Na defesa que apresentou à Comissão de Ética, Rogério Caboclo citou o depoimento de um garçom da CBF, que declarou:

– [Nas] pouquíssimas vezes serviu bebida alcóolica ao presidente Rogério Caboclo, e sempre por ordem da assessora [...], exceção apenas ao período em que a senhorita [...] se afastou do trabalho, quando então qualquer pedido nesse sentido lhe era feito diretamente pelo presidente; [e] que nunca se sentiu constrangido nessas demandas.

R$ 1.850 por garrafa

Também foi anexada ao processo em curso no Comitê de Ética uma série de notas fiscais que atestam a compra de vinhos por parte da CBF entre fevereiro de 2020 e junho de 2021. O ge teve acesso aos documentos, que foram publicados inicialmente pelo jornal "O Estado de S. Paulo". O rótulo que aparece mais vezes é o português "Cartuxa Reserva", citado pela funcionária em depoimento como o preferido de Rogério Caboclo. Segundo as notas fiscais, cada garrafa custa entre R$ 350 e R$ 450.

Rótulos muito mais caros também eram comprados com frequência, segundo mostram os comprovantes. No dia 9 de julho de 2020, a entidade pagou R$ 999 por cada uma das 12 garrafas do chileno "Clos Apalta 2015". Só nesse dia, a CBF gastou mais de R$ 16 mil em 24 garrafas de vinho. Em 19 maio de 2020, a CBF comprou cinco garrafas do italiano "Sassicaia 2014" por R$ 1.850 cada.

Também foram anexadas ao processo duas notas fiscais emitidas em 30 de junho, 24 dias depois do afastamento de Rogério Caboclo da presidência da CBF. Uma delas, no valor de R$ 10.380, detalha a compra de seis garrafas de "Cartuxa Reserva" a R$ 450 cada, e mais seis garrafas de "Clos Apalta 2015" por R$ 1.280 cada. Mas as notas informam que os pagamentos foram feitos nos meses de março e abril, portanto antes do afastamento de Caboclo.

 
Íntegra da nota de Rogério Caboclo

"A gestão do presidente Rogério Caboclo na CBF cortou despesas e aumentou a receita da entidade. Para isso, um dos critérios adotados foi o da eficiência nos gastos. Os vinhos comprados estão todos dentro de seu valor de mercado. As aquisições ocorreram para abastecer eventos sociais, que são comuns e frequentes na entidade.

A sra. Manuella Vidal de Almeida, coordenadora de compras da CBF, afirmou em depoimento à própria Comissão de Ética que as compras de bebidas alcoólicas abasteciam os eventos da entidade e que nunca viu Caboclo bebendo.

Vale destacar que o presidente Rogério Caboclo foi afastado da presidência sem sequer ter direito a apresentar defesa. O ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero, que foi banido do futebol, tenta retomar o controle da CBF por meio de laranjas e, para isso, organizou um complô para retirar Caboclo do cargo, inclusive com o uso de dossiês com conteúdo falso."
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