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30/09/2021 às 16:12

Pesquisa conclui etapa de queima controlada no auge da seca no Pantanal

Projeto para implementação do Manejo Integrado do Fogo (MIF) conclui segunda etapa na RPPN Sesc Pantanal, única área do experimento em MT

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Pesquisa conclui etapa de queima controlada no auge da seca no Pantanal

Foto: Sesc Pantanal

O projeto de implementação do Manejo Integrado do Fogo (MIF) no Pantanal concluiu a 2ª etapa de queima, no auge do período da seca, na maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, a RPPN Sesc Pantanal, localizada em Barão de Melgaço.

O experimento, realizado por meio da parceria entre 17 instituições, entre elas o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Polo Socioambiental Sesc Pantanal, é inédito e tem como objetivo elaborar protocolos para implantação do MIF como prevenção a grandes incêndios no bioma.

Ao todo são três queimas planejadas: a primeira foi realizada no mês de julho (período que antecede a seca), a segunda neste mês de setembro (período da seca) e em outubro (fim da seca). Uma das áreas não será queimada para servir de comparativo. Os três locais do experimento em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram escolhidos considerando a prevalência da flora nativa e os diferentes níveis de inundação: Corumbá (MS) onde alaga muito, RPPN Sesc Pantanal (MT) com inundação intermediária e Terra Indígena Kadiwéu (MS) que não alaga.   

Segundo o biólogo, analista ambiental do ICMBio e coordenador do projeto, Christian Berlinck, os resultados da queima ocorreram como esperado para este mês, em que o bioma está no auge da seca. “A queima neste momento é mais intensa com tendência de efeitos mais severos na biodiversidade, que ainda serão avaliados nas pesquisas”, destaca.

 O biólogo explica que foram registradas temperaturas mais elevadas, profundidade de queima maior, o que deixou as cinzas mais claras. “Isso quer dizer que uma parte maior do nutriente que estava nas plantas secas foi emitido para a atmosfera. Diferente do que aconteceu quando fizemos a primeira queima, chamada de precoce, em que a vegetação está mais úmida e verde. As cinzas ficaram mais pretas, então os nutrientes foram mais rapidamente incorporados ao sistema biológico novamente”, disse.   

Devido à seca, as equipes reforçaram as medidas preventivas, que inclui o alargamento de aceiros das parcelas, umedecimento das áreas no entorno e uso de duas aeronaves air tractor, que contribuíram para minimizar a chance de o fogo sair do controle. “Essa umidificação aconteceu tanto por terra, com caminhões pipa, quanto por aviões tanque, que lançaram água e monitoraram enquanto nós queimávamos, para evitar que o fogo pulasse. Caso isso ocorresse, tínhamos aviões para combater”, destacou Berlinck.

O guarda-parque da RPPN Sesc Pantanal e líder da brigada, Alesandro Amorim, observou a diferença da queima das parcelas nestes dois períodos. “A vegetação está bem seca e a queima foi rápida na primeira parcela. A temperatura estava muito alta, assim como as labaredas também. Nos dias seguintes, houve garoas, então a intensidade foi diferente”, ressaltou.

 Mato Grosso está no período proibitivo de uso do fogo até o dia 30 de outubro. Por isso, há autorização excepcional da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) para realizar a queima enquanto pesquisa. O uso do fogo como aliado a incêndios florestais já é utilizado em todos os outros biomas no Brasil e em unidades de conservação dos Estados Unidos, África e Austrália.

Efeitos da queima controlada

 O MIF é uma grande pesquisa que envolve quatro frentes de trabalho: fauna, flora, solo e o DNA ambiental. A finalidade é avaliar o efeito da queima controlada nas áreas. Para isso, os pesquisadores vão a campo em cada fase para coletar materiais antes e depois da queima das parcelas.  

Os dados de cada fase serão comparados e, após a última queima, a pesquisa continua com a análise de dados e levantamentos em campo. A previsão é que os primeiros resultados da pesquisa sejam conhecidos em 2022.

Fazem parte do projeto de implantação do MIF no Pantanal o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Ibama/Prevfogo, ICMBio/Centro de Educação Profissional, INPE, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Embrapa Pantanal, Mulheres em Ação no Pantanal, (Mupan)/GEF Terrestre, Smithsonian Institution, UFMG, UFRN, UFRJ, UnB, USP, UERJ e UFRGS.

 
Assessoria
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