Há menos de um mês morando na Ucrânia, o jovem de 23 anos Murilo Koefender Maia contou ter recebido a notícia da invasão da Rússia no país pelo pai. Imediatamente, ele e sete jogadores de futebol brasileiros partiram para tentar chegar à fronteira da Ucrânia com a Polônia.
“O clima na fronteira era muito tenso. Muita dispersão de família, os pais ficando e as mães e filhos saindo do território. Cenas que me deixam sem palavras. Extremamente desagradáveis, que eu torço que nenhuma nação passe”, disse Koefender, ao O Globo.
Murilo e os colegas e treinadores estavam instalados em um apartamento na cidade de Bribka, de onde saíram na última quinta-feira (24) e foram levados de van até determinado trecho, mas ainda precisaram andar 10 quilômetros até a fronteira com a Polônia.
“Ficamos na rua a noite inteira. Uma noite muito fria. Conseguimos entrar no solo polonês por volta das 15h30 da tarde. Estamos acordados há mais de 30 horas”, contou.
O jogador ainda disse que o tratamento que estava sendo dado pelos soldados à população foi algo “desumano”, porque a inquetação em que se encontravam os ucranianos para cruzar às pressas a fronteira, colaborou para que mulheres, idosos, crianças e pessoas com necessidades especiais não tivesse o tratamento adequado.
“Devido à falta de soldados, mulheres e crianças não conseguiram passar com a prioridade necessária. A população se incomodou muito com a espera. Foi uma pessoa atropelando a outra. Muito empurra-empurra, muito tumulto. Muitos homens gritando com as mães com bebês. Vi famílias inteiras passando para a fronteira e os homens tendo que voltar”, explicou Murilo.
O jovem paranaese e os colegas treinavam na Ucrânia, na esperança de conseguir uma oportunidade em algum time local, mas devido à situação, ele teve que dar uma pausa no sonho para conseguir se salvar do conflito. “Infelizmente a guerra impediu esses planos. Mas eu sigo treinando em solo europeu pra buscar uma oportunidade”, finalizou.