Mesmo com a ministra da Agricultura Tereza Cristina garantindo que o Brasil tem fertilizantes suficientes para o plantio da safra 2022/2023 até outubro, os produtores de Mato Grosso estão preocupados com os preços dos produtos que já estavam em ascendência antes mesmo da guerra da Rússia e Ucrânia.
“O primeiro impacto é especulativo e diz respeito aos preços dos fertilizantes e que encarece a formação da safra 2022/2023. Os preços já vinham numa ascendente, com valores nunca vistos na história, 200%, 300% mais caros. Agora com o agravamento da crise, o movimento especulativo, a incerteza sobre a disponibilidade faz com que aumento mais ainda e o custo de produção em muitos casos fique ate inviabilizado, porque os solos onde se produz os alimentos no Brasil são dependentes de adubação química”, avaliou o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Fernando Cadore.
Ele alerta que o aumento no custo de produção será repassado com o aumento no preço dos grãos, que por sua vez, impactam no preço da ração dos animais. Para o consumidor, isso significa carne vermelha, frango e suínos mais caros nos supermercados e açougues.
“Esse impacto no custo do produtor rural, e vai para as prateleiras dos supermercados, gerando uma inflação ainda maior no preço dos alimentos, agravando ainda mais os preços”, explicou.
O Brasil importa cerca de 80% de todo o fertilizante usado na produção agrícola nacional. É o maior importador mundial. No caso do potássio, o percentual importado é de cerca de 95%. A Rússia é responsável por fornecer cerca de 25% dos fertilizantes para o Brasil e é a maior exportadora mundial de fertilizantes, com praticamente US$ 7,0 bilhões exportados em 2020.
Em relação aos fertilizantes potássicos, a Rússia é responsável por cerca de 20% da produção global e é origem de 28% das importações brasileiras. Já para os nitrogenados, o país é o segundo maior produtor global. Como fornecedor para o Brasil a Rússia participa com 21% dos nitrogenados e, no caso específico do nitrato de amônio, o país é praticamente o único fornecedor para o Brasil, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento.