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Notícias / Agro e Economia

13/04/2022 às 08:01

Indígenas buscam financiamento para armazenagem de grãos

Cooperativas plantam 19 mil hectares, movimentam R$ 150 milhões ao ano e lucro de R$ 9 milhões é divido entre os 3 mil índios

Débora Siqueira

Indígenas buscam financiamento para armazenagem de grãos

Foto: Reprodução

Indígenas das três cooperativas agrícolas na região do Chapadão do Parecis buscam apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) para acesso a crédito rural para aquisição de insumos e compra de equipamentos, da mesma forma que os demais produtores rurais conseguem seja por financiamento com tradings, bancos privados e bancos públicos.
 
Contudo, os indígenas produtores são vedados a isso. Conforme Arnaldo Zunizakaê, uma das lideranças entre os agricultores, eles tinham o problema de licenciamento ambiental, que já está sendo resolvido com o encaminhamento do projeto ao presidente das Funai, Marcelo Xavier, durante a Parecis Superagro 2022, a falta de financiamento com juros justos e prazo adequado e a armazenamento do produto.
 
Formado por três cooperativas e quatro povos indígenas em área dos municípios de Tangará da Serra, Sapezal e Campo Novo do Parecis, os índios Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki plantam 19 mil hectares de grãos.
 
“Nós sabemos plantar, nós sabemos comprar e estamos aprendendo a vender, agora temos que sair das mãos quem nos dá maquinário sem prazo, sem carência, juros altos e isso faz com que não sobre mais dinheiro para a gente aplicar na nossa sociedade”.
 
O projeto de plantio nas aldeias ultrapassou pouco mais de R$ 9 milhões de repasse social para as comunidades. O dinheiro foi rateado entre 3 mil índios de 90 aldeias. É com esse recurso anual que vai para o bolso de cada pai de família para atender as necessidades básicas desde compra de um calçado, fazer uma cirurgia, pagar universidade e aquisição de bens de consumo.
 
As cooperativas indígenas geram cerca de 300 empregos diretos, sendo a maioria indígena e alguns técnicos não índios, pois tem a necessidade deles.


 
Novos projetos
 
Após a regularização ambiental das áreas, o próximo passo é a busca de financiamento via BNDES ou pela Caixa Econômica Federal para a construção de um armazém.
 
“É onde mais está tirando o nosso dinheiro, quando entregamos para os outros, pagando caríssimo pelo armazenamento e beneficiamento do nosso produto, que segundo eles, são necessários ser descontados. Isso tem atrapalhado nosso crescimento. Somos índios, mas somos produtores rurais e movimentamos quase R$ 150 milhões por ano e a nossa capacidade de pagamento é possível ser comprovado, todos nossos compromissos estamos honrando mesmo com o custo alto”.
 
Conforme Arnaldo Zunizakaê, só o que é descontado do armazenamento da safra e da safrinha é possível pagar o financiamento de poucos R$ 20 milhões.
 
Outro projeto ousado quer construir uma universidade para formação de novos indígenas produtores de grãos.
 
Ele destacou novamente que não há conflito entre os indígenas e os produtores rurais da região.
 
“Olha como somos recebidos em uma feira negócios como a Parecis Superagro. Lembro quando entrei há 20 anos quando vinha para rodeio. Enquanto víamos as coisas, nossos pais estava procurando quem iria pagar o marmitex para nós. Hoje, quando sairmos daqui, vamos para churrascaria cada um com seu dinheiro. Nós não queremos nada de graça, queremos a oportunidade de acessar crédito para fazer essas coisas acontecer”. 
 
Funai concorda com indígenas
 
O presidente da Funai, Marcelo Xavier, disse que os indígenas tem direito à acessibilidade do crédito e durante a feira Parecis Superagro, trouxe representantes do BNDES e da Caixa Econômica Federal para falar com eles.
 
“O problema estava na modulação da garantia, mas como os parecis têm um nível de maturidade de pagamento de vários anos de forma muito efetiva, vejo que é perfeitamente possível concessão de crédito. Acho justo que os indígenas tenham o mesmo acesso ao crédito que um produtor brasileiro qualquer”.
 
Os projetos já estão com os bancos para análise do crédito.
 
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