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Notícias / Agro e Economia

26/05/2022 às 13:33

Baixa remuneração, falta de crédito e informação são alguns dos gargalos para se produzir em Cuiabá

É a primeira vez que a Prefeitura de Cuiabá tem em mãos raio-X dos homens e mulheres do campo para poder elaborar políticas públicas

Da Redação - Débora Siqueira / Reportagem Local - Paulo Henrique Fanaia

Baixa remuneração, falta de crédito e informação são alguns dos gargalos para se produzir em Cuiabá

Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

O Diagnóstico da Agropecuária de Cuiabá apontou que 90,81% das pessoas que vivem na zona rural da Capital vivem com até três salários mínimos. Mesmo sendo proprietários de áreas de até 10 hectares, em sua maioria, essas pessoas se enxergam mais como trabalhadores rurais do que produtores.
 
Esses são alguns dos dados do projeto realizado pelo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) a pedido da Prefeitura de Cuiabá. O diagnóstico é resultado de uma pesquisa feita nas propriedades rurais do município ao longo do segundo semestre de 2021 e início de 2022 e vai subsidiar a elaboração de políticas públicas para o setor produtivo rural na região.
 
Foram levantadas sete culturas produzidas na zona rural cuiabana: aves (54,4%), frutas legumes e verduras (FLV) (30,4%), suínos (28,3%), bovinos de leite (18,8%), bovinos de corte (13,4%), psicultura (10,0%) e apicultura (1,2%).
 
Contudo, a baixa remuneração é um dos problemas verificados no estudo. Mais da metade dos produtores (53,8%) recebem até R$ 1 mil por mês através da comercialização de seus produtos. Por outro lado, o custo para manter a propriedade que mais ocorreu dentro da amostra (43,2%) ficou entre R$ 1 mil e R$ 2 mil.
 
“Analisando os resultados financeiros alcançados, é possível conjecturar que o orçamento das famílias na zona rural está em grande parte comprometido com a quitação de contas do cotidiano, o que reduz a capacidade de investimento em algum tipo de produção agropecuária”, apontou o estudo.
 
A pesquisa mostrou também que 41,3% exploraram a propriedade para atividade agropecuária, 39,3% dos que vivem na zona rural são aposentados e os demais são trabalhadores rurais.
 
“Grande parte do que é produzido na região é para consumo próprio. As estruturas são pouco tecnificadas ainda e pouco intensivas. Isso significa que grande parte da produção agropecuária do município se enquadra no perfil de agricultura familiar de subsistência”, afirma o coordenador do projeto, Emanuel Salgado.
 
Segundo a coordenadora de Inteligência de Mercado do Imea, Monique Kempa, a curto prazo a pesquisa identificou que os principais desafios dos moradores e produtores estão relacionados à falta de canais de comercialização, o que faz com que grande parte da produção seja consumida na forma de subsistência. Além disso, por se tratar de uma estrutura familiar, foi verificado que os produtores dispõem de pouca capacidade de investimento para implementar e aumentar a produção.
 
Um dos caminhos apontados pelo estudo é de haja disponibilidade de crédito, pois a maioria tem receita de até três salários mínimos. Além disso, apesar de existir uma produção agropecuária comercial na zona rural cuiabana, a falta de estrutura de pequenas propriedades e do pouco investimento aplicado, é necessário que se crie possibilidades para os produtores possam se organizar e, principalmente, comercializar seus produtos.
 
Envelhecimento da população rural

No estudo também foi observado que a longo prazo, a maior ameaça para a zona rural é o envelhecimento da população, que pode levar à redução do número de produtores e impactar a produção rural do município. Segundo o levantamento, aproximadamente 60% das pessoas têm acima dos 55 anos.
 
“Estamos conhecendo pela primeira vez o perfil da área rural de Cuiabá. O perfil do homem do campo, da mulher do campo, do desenvolvimento econômico, de uma política pública que não existe na área rural. Para começarmos a criar, a construir essas políticas públicas, temos que saber qual é a área rural que nós temos em Cuiabá, qual o perfil do produtor e a vocação econômica da nossa região”, declarou o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro.
 
O estudo foi solicitado pela Secretaria de Agricultura, Trabalho e Desenvolvimento Econômico do município. O secretário Francisco Antônio Vuolo destacou que o diagnóstico será importante para nortear o programa Agro da Gente. “Os dados vão corrigir alguns pontos do programa e fortalecer outros. A partir de ações como essa, poderemos trabalhar a curto, médio e a logo prazo um planejamento adequado”.
 
As informações foram levantadas nos sete distritos que compõem a zona rural: Aricá (19 comunidades), Sucuri (2 comunidades), Guia (13 comunidades), Sede (4 comunidades), Aguaçu (14 comunidades), Coxipó do Ouro (2 comunidades) e Pequizeiro (1 comunidade).
 
“Esse trabalho reúne informações sobre os produtores e moradores da zona rural cuiabana e norteará a elaboração de futuras políticas públicas no município. Além disso, todos os demais agentes do agronegócio poderão se estruturar para fornecer, de maneira assertiva, serviços para essa parcela da população mato-grossense”, explica o superintendente do Imea, Cleiton Gauer.
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