Os eleitores colombianos que vão às urnas neste domingo (29) para votar no primeiro turno das eleições presidenciais no país têm como principais preocupações a economia (28%), corrupção (20%), insegurança (14%) e desemprego (14%), de acordo com uma pesquisa da consultoria YahHass.
Esses temas são mais ou menos os mesmos de eleições presidenciais em outros países, mas, na Colômbia, isso é uma novidade: o país virou a página do assunto que dominou a vida política durante décadas, o conflito entre governo e guerrilhas.
A última eleição presidencial, em 2018, foi dominada por um tema: o acordo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Naquele ano, o país elegeu o presidente Iván Duque pouco depois de ter votado contra um referendo sobre o acordo.
Duque é um aliado do ex-presidente Álvaro Uribe, que foi contrário ao acordo de paz desde o princípio.
“Vive-se um período de transição na Colômbia; não é uma mudança radical, mas deixaram a polarização entre ser favorável ou contrário ao acordo de paz com as Farc para trás”, diz Fernanda Nanci Gonçalves, professora da UFRJ e Unilasalle-RJ.
O que querem os candidatos?
Os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas são Gustavo Petro e Federico Gutiérrez.
Petro é o candidato de esquerda. De acordo com as pesquisas de intenção de voto, ele tem cerca de 41% da preferência dos eleitores (para levar o pleito em primeiro turno, é preciso ter mais de 50% dos votos).
O candidato entrou para o movimento de guerrilha M-19 ainda na adolescência. Em 1990, esse grupo se tornou um partido, a Alianças Democrática M-19.
Petro já foi deputado duas vezes, senador e prefeito da cidade de Bogotá. Essa é a terceira vez que se candidata à presidência (ele foi derrotado em 2010 e 2018).
Gutierrez é o candidato do ex-presidente Álvaro Uribe, uma figura ainda muito importante na política colombiana.
Antes de ser candidato a presidente, Gutierrez, foi prefeito de Medellin.
Modelo econômico
Esses candidatos tentam se diferenciar um dos outros dentro dos temas que aparecem como as preocupações dos colombianos em 2022, diz a professora Nanci . Petro diz que quer fazer com que a economia gire em torno da vida e que seu intuito é aprofundar a democracia: ele propõe criar um Ministério da Igualdade, aumentar a representação feminina em instituições públicas e começar uma transição energética (de uma economia extrativista para uma economia produtiva, e de predominância fóssil (de combustíveis fósseis) para uma “economia descarbonizada”.
Federico Gutiérrez, conhecido como Fico Gutiérrez, o segundo colocado e um candidato mais de direita, faz campanha falando que pretende preservar “as liberdades”. Como candidato do governo, ele também fala de segurança, que é um tema importante para Uribe e Duque.
“O Petro, de esquerda, quer uma política econômica diferente, menos baseada no extrativismo, e mais baseada na ideia do que ele chama de produtivismo e também mais empregos públicos; o Gutierrez quer uma política mais próxima do establishment, dos empresários, liberdade do mercado”, afirma a professora.
Para ela, há uma divisão clara de qual é o modelo econômico de cada um dos candidatos.
“Tem discussão sobre meio ambiente, reforma política, reforma aposentadoria, são temas deram complexidade ao debate político e tornaram essa eleição mais interessante pela riqueza do que está em jogo, que vai além do tema da segurança”, diz ela.