Mato Grosso é um dos cinco estados brasileiros que não possuem registro de pessoas localizadas após o desaparecimento no país. Além daqui, Bahia, Ceará, Espírito Santo e Roraima não registraram os dados de pessoas localizadas. As informações constam no Anuário da Segurança Pública 2022.
Mas a Polícia Civil caminha para sistematizar os dados, iniciando pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que começou um projeto piloto de levantar os dados daqueles quem somem voluntariamente e os que desapareceram contra a vontade, e os que localizados vivos ou mortos.
“Há essa necessidade de computar essas informações. Ainda não temos os dados em nível de estado, mas começamos a regularizar essa situação com esse piloto na DHPP, traçando esse perfil dos desaparecidos e localizados em Cuiabá e Várzea Grande”, comentou a escrivã do Núcleo de Pessoas Desaparecidas, Janaína Paula Silva.
Mesmo com as informações das duas maiores cidades do Estado e falta de informações dos demais municípios, os dados da DHPP não constam no Anuário da Segurança Pública.
Segundo a publicação nacional, no Estado, 1.914 desapareceram em 2021, enquanto em 2020 foram 1.692. Nos dois anos, a média no Estado de 53,7 casos a cada 100 mil habitantes no ano passado e de 48 a cada 100 mil em 2020 estão acima da média nacional, que foi de 30,7 em 2021 e 29,7 a cada 100 mil pessoas.
Desaparecidos e localizados em Cuiabá e VG
Em Cuiabá e Várzea Grande, 728 pessoas desapareceram no ano passado e 660 foram localizadas. Sessenta e oito continuaram desaparecidas. Deste total de 660 localizados, 28 foram encontrados mortos, mas cerca 96% foram localizados vivos.
Homens de 18 a 64 anos, pardos que decidiram sair de casa de forma voluntária é o perfil de quem foi localizado vivo. Essas pessoas foram achadas em albergues, casas de amparo no caso de mulheres vítimas de violência doméstica. Nos casos de adolescentes alguns foram achados em casas lar.
Outros foram hospitalizados, vítimas de acidentes e dos ‘salves’ aplicados por facções criminosas. Outros 12 a polícia descobriu que estavam presos e, por isso, não entraram em contato com a família que deu registro de desaparecimento.
No caso dos mortos, os casos são na maioria vítimas de assassinato, afogamento, encontro de ossada ou tiraram a própria vida.
Já em relação aos dados deste ano em Cuiabá e Várzea Grande, a proporção segue a mesma. A maioria dos 391 registros de desaparecimentos, 349 foram localizados vivos e 12 estavam mortos.