O governador Mauro Mendes (União) demonstrou surpresa com o placar do julgamento que determinou a cassação do mandato do deputado federal Neri Geller (PP) e o declarou inelegível por oito anos. A decisão foi proferida por unanimidade dos membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em sessão plenária realizada no início da noite dessa terça-feira (23).
“Tinha muito pouco conhecimento sobre o fato... recebe um 7 a 0, é sempre... um placar que... prefiro não comentar”, se limitou a dizer Mauro Mendes, em entrevista ao Leiagora.
O julgamento que cassou Neri ocorreu ao mesmo instante que Mauro participava de um evento de campanha, na sede do União Brasil, em Cuiabá, com membros do primeiro, segundo e terceiro escalão do governo do Estado. O governador ficou sabendo do resultado entre um discurso e outro através de mensagens por celular e pelos comentários que se espalharam rapidamente dentro do evento.
Com pressa para seguir para mais outras duas agendas de campanha na mesma noite, Mauro não conversou com a imprensa na saída do ato na sede do partido. Só parou para falar brevemente ao fim da última agenda oficial da noite, o lançamento da campanha a deputado federal de Allan Kardec (PSB), onde conseguiu parar para ler a nota emitida pela assessoria de Neri Geller para tentar se situar melhor sobre o caso.
Mesmo em lados opostos na corrida eleitoral, após um longo imbróglio sobre quem seria o senador a subir no palanque de Mauro e até mesmo troca de acusações de traição política, Mauro não demonstrou nenhum tipo de contentamento com o resultado e garantiu não ser o caso de “tripudiar” sobre o recente adversário. “Não, jamais. Não tem porquê fazer isso”.
O julgamento
Neri foi condenado por abuso de poder econômico nas eleições de 2018. O parlamentar foi alvo de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), proposta pelo Ministério Público Eleitoral de Mato Grosso, na qual foi acusado de abuso de poder econômico por ter doado R$ 1,3 milhão para 12 candidatos a deputado estadual nas eleições de 2018, extrapolando também o limite permitido, de 10% do rendimento bruto do candidato.
A cassação chegou a ser rejeitada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), pois a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) modificou as acusações durante o processo. Depois da quebra de sigilo bancário do deputado e do filho dele, Marcelo Piccini Geller, e a PRE apontou que teria havido triangulação de recursos vindos de empresas como Bunge Alimentos S/A e Seara Alimentos S/A, entre outras, e então o órgão recorreu ao TSE para alcançar a punição de Neri.
O voto do ministro e corregedor-geral eleitoral Mauro Campbell Marques, relator do recurso, foi acompanhado por todos os ministros da Corte.
Mesmo com a decisão tendo efeito imediato, conforme leu o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, ao final do julgamento, Neri promete recorrer.