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30/08/2022 às 09:30

Manejo adequado e abate humanitário resultam em carne de melhor qualidade e maior lucro

Tecnologias no pré-abate buscam oferecem um gado menos estressado e carne mais saborosa

Rodrigo Maciel Meloni

Manejo adequado e abate humanitário resultam em carne de melhor qualidade e maior lucro

Foto: Portal Agropecuário

Diminuir o estresse gerado em etapas do manejo do gado como transporte, desmama, confinamento e mudança de ambiente tem sido uma das prioridades dos criadores para garantir o bem-estar animal.

E esse manejo, caso não seja bem administrado, pode impactar de forma negativa no desempenho desses animais, fazendo com que sejam desencadeadas reações inflamatórias que interferem na qualidade da carne, trazendo prejuízo para o produtor.

Atentos a isso, pecuaristas mato-grossenses têm buscado minimizar o máximo o estresse dos animais e o uso de novas tecnologias é o principal aliado dos produtores, bem como dos pesquisadores que as desenvolvem.

“Eu busco manter meus animais soltos, de forma que eles fiquem o mais tempo integrados ao ambiente natural deles, que é o pasto, então, eu vejo que isso ajuda no trato e a carne que vai sair desse boi tem mais qualidade”, diz João Siqueira, pequeno produtor em Juruena, região Noroeste de Mato Grosso.  

Siqueira diz que fica atento às novas tecnologias que surgem, como as lançadas por empresas de pesquisa. É o caso de um produto criado pela Embrapa Gado de Corte, que criou um centro de manejo voltado para diminuir o estresse dos animais.

O centro é formado por um conjunto de instalações e equipamentos que contribui para um menor nível de estresse durante as atividades - além de assegurar a segurança dos trabalhadores no manejo - e que é de fácil instalação pelo produtor.

Segundo a pesquisadora em ambiência e conforto térmico
da Embrapa, Fabiana Villa Alves, ter um tronco de qualidade, que facilite o manejo dentro do curral, traz benefícios como animais mais dóceis e menor nível de estresse durante as atividades.

“Quando falamos em animais a pasto, eles são recolhidos, na maioria dos casos, uma vez ao mês, e isso traz um estresse natural, pois o animal sai do seu habitat e vai para um ambiente estranho ao seu dia a dia”, explica.

E o estresse também é responsável por ‘desviar’ nutrientes que seriam utilizados na produção de carne, para combater os fatores estressantes, afetando a produtividade e consequentemente a lucratividade do pecuarista. 

Da desmama, considerada uma fase estressante para os bezerros que merece muita atenção do produtor, ao abate, onde animais passam por corredores tranquilizantes, equipados com aparelhos massageadores para diminuir o estresse, a pecuária não tem medido esforços para criar ambientes que ofereçam melhor qualidade de vida aos animais.

Quando falamos em animais mais novos, por exemplo, esses são expostos a nova reorganização social dentro do grupo de bezerros recém-desmamados, exposição a diferentes alimentos e novas fontes alimentares, bebedouros, colaboradores e manejo, fatores estressores que podem comprometer a saúde e o desempenho produtivo durante toda a fase da recria.

Já no abate, também é necessário que o animal passe pelo menor nível de estresse possível. “Visando o menor grau de sofrimento possível, o abate humanitário de animais tem como objetivo realizar todas as práticas de manejo, desde o embarque nas propriedades rurais até a sua morte em frigoríficos ou abatedouros, dentro de um padrão de ética e de muito respeito para com eles. Nesse sentido, faz parte da ideologia humanitária de abate garantir todo o bem-estar possível no pré-abate, além de garantir que os animais estejam devidamente desestressados e inconscientes no momento da sangria. A insensibilização, portanto, dentre as outras etapas do processo de abate, é considerada a operação mais crítica e deve perdurar até o final da sangria”, destaca Silvana Teixeira, da Embrapa.

“Sabendo-se que os animais são seres sencientes, ou seja, capazes de sofrer ou expressar satisfação e felicidade, atividades que visam o seu bem-estar estão cada vez mais presentes na atualidade e não apresentam a menor possibilidade de retrocesso”, conclui Teixeira.

Segundo a zootecnista Angélica Pereira, esse manejo humanitário resulta em uma carne de qualidade, mais saborosa e com maior valor de mercado. “Atualmente, a qualidade da carne representa uma das principais preocupações, especialmente para consumidores mais exigentes. Porém, há uma associação direta com o manejo pré-abate, seja na propriedade, transporte dos animais, ou no frigorífico”.

Ou seja, já não basta oferecer aos consumidores uma carne deliciosa, perfeita em sabor, textura, cor e aroma. O mercado exige de forma cada vez mais clara o monitoramento de diferentes parâmetros de qualidade, sensoriais, tecnológicos, nutricionais, sanitários, ausência de resíduos químicos ou físicos, éticos e de preservação ambiental.

"A melhor resposta para essa abrangente abordagem de qualidade tem sido o uso de protocolos de boas práticas que, por meio das regras que o participante é obrigado a seguir, consegue estabelecer um método de produção de carne seguro, socialmente justo e ambientalmente amigável", explica o pesquisador em Nutrição Animal da Embrapa Gado de Corte, Sergio Raposo de Medeiros.
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