Mais de 20 anos após a abertura do processo, a mineira Isabel Cristina Mrad Campos foi beatificada neste sábado (10/12), em Barbacena, Região Central de Minas Gerais. A cerimônia foi presidida por Dom Raymundo Damasceno Assis, representante da Santa Sé e cardeal emérito de Aparecida (SP), .
O rito continua às 15h deste domingo (11/12), quando haverá uma missa em Ação de Graças pela beatificação no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos.
Isabel foi morta a facadas aos 20 anos, em 1982, quando se defendeu de uma violência sexual. Um homem que montava um guarda-roupas em sua casa tentou estuprá-la, mas ela reagiu e acabou amarrada, amordaçada, esfaqueada 15 vezes e agredida até a morte.
A jovem se mudou com o irmão para Juiz de Fora para seguir o sonho de ser pediatra. Segundo a arquidiocese, ela tinha uma vida de oração, era dedicada à Igreja Católica e sonhava em ser médica para ajudar crianças carentes.
Desde então, a data de sua morte – 1º de setembro de 1982 – é comemorada como homenagem a ela, tida como mártir pelos fiéis. Seu túmulo, em Barbacena, se tornou ponto de encontro de fieis.
A solicitação para beatificação foi aceita por Roma em janeiro de 2001, e ela recebeu do Vaticano o título de Serva de Deus. Durante o processo, autoridades da Igreja colheram depoimentos de quase 60 pessoas, além de reunir diversos documentos.
Após oito anos, foi encerrado o processo de beatificação de Isabel Cristina, na fase arquidiocesana, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade. Apenas em 2021, 13 anos depois, o Papa Francisco reconheceu o martírio da Serva de Deus, devido à maneira que foi morta e como lutou contra seu assassino.
Agora, a celebração solene formalizou a beatificação de Isabel, como forma de resposta contra o feminicídio. Seus restos mortais vão ser transportados da Capela dos Sagrados Corações de Jesus e Maria para o Canto do Te Deum neste domingo.