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Notícias / Polícia

13/01/2023 às 13:00

Inquérito conclui que houve negligência em caso de jovem que morreu após cirurgia estética em 2021

Os médicos e anestesistas foram indiciados por homicídio culposo por assumirem os riscos de submeter a jovem a uma cirurgia pouco tempo após contrair covid-19

Paulo Henrique Fanaia

Inquérito conclui que houve negligência em caso de jovem que morreu após cirurgia estética em 2021

Foto: Paulo Henrique Fanaia / Leiagora

Após um ano e 10 meses de investigações, o inquérito policial que apura a morte da jovem Keitiane Eliza da Silva, que morreu após complicações cirúrgicas decorrentes de três cirurgias estéticas, conclui que houve negligência por parte da equipe médica responsável por realizar os procedimentos na paciente.

De acordo com o relatório feito pelo delegado Bruno de Moraes, baseado em uma extensa perícia técnica, os médicos não respeitaram o prazo recomendado pelo Conselho Federal de Medicina e pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia que, à época, recomendavam um período de espera de no mínimo quatro semanas para pacientes que acabaram de se recuperar da covid-19.
 
Os advogados da família de Keitiane, Dr. Heliodoro Santos Nery e Marciano Nogueira Silva, concederam uma coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (13) para explicar o caso.

De acordo com eles, o inquérito demonstrou que uma série de fatores foram preponderantes para o fim trágico de Keitiane, sendo o principal a negligência do corpo médico, formado pelo cirurgião Alexandre Rezende Veloso e pelos anestesistas Klayne Moura Teixeira de Souza e Cristhiano Camargo Prado, de não respeitar o prazo de no mínimo quatro semanas de recuperação da covid-19 para a realização de cirurgia.
 
Acontece que Keitiane havia contraído covid-19 22 dias antes da cirurgia. De acordo com recomendação médica feito na época, pacientes assintomáticos deveriam esperar quatro semanas após a recuperação para se submeter a uma cirurgia eletiva. Já os pacientes sintomáticos, deveriam esperar seis semanas para realizar qualquer tipo de cirurgia.
 
“Ela [Keitiane] apresentou sintomas de comprometimento pulmonar, que foi comprovado através do exame de tórax no dia 1º de abril, exame solicitado pela própria equipe médica quando da realização do exame pré-operatório. Foi constatada uma alteração na tomografia de tórax e mesmo com esse quadro desfavorável, os anestesistas entenderam que ela estava apta para a realização da cirurgia e o médico correu o risco de fazer o procedimento”, afirmou o Marciano Nogueira.
 
De acordo com o laudo, Keitiane faleceu devido a um choque hemorrágico advindo de uma coagulopatia intravascular disseminada. Os três médicos foram indiciados por homicídio culposo por negligência. Agora, o Ministério público deve ofertar denúncia contra a equipe.
 
O caso
 
Ketiane Eliza da Silva, de 27 anos, faleceu no dia 14 de abril de 2021, um dia após passar por três cirurgias estéticas de vibrolipoescultura, abdominoplastia e reparo de mastopexia na clínica Valore Day. Ela era casada há 15 anos e tinha duas filhas pequenas.
 
De acordo com a família, Ketiane passou mal horas depois da cirurgia, porém, como a clínica em que ela havia sido operada não possuía Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a jovem apenas foi transferida para uma unidade especializada horas depois. O laudo pericial concluiu que nesse período Keitiane teve seis paradas cardíacas.
 
Para a família da jovem, o encerramento do inquérito e o indiciamento da equipe médica representa um passo a mais na busca pela justiça.
 
“Estamos conseguindo e estamos buscando justiça. Eu quero justiça para que outras mães não passem pelo que estou passando hoje chorando pela morte da minha filha e que outros filhos, como ela deixou duas crianças, não chorem pela falta da mãe”, disse Ana Perpétua Bochnia, mãe de Keitiane.
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