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15/03/2023 às 10:10

Garoto quebra braço em aula de educação física e família denuncia descaso e bullying

Adolescente de 12 anos sofreu queda em julho de 2022, ainda não recuperou movimentos e não teve tratamento adaptado em razão da redução motora

Priscila Mendes

Garoto quebra braço em aula de educação física e família denuncia descaso e bullying

Foto: Reprodução / Instagram

O caso de um estudante que quebrou o braço em uma aula de educação física sem receber o devido socorro gerou danos nos movimentos do adolescente, uma família indignada e um processo judicial envolvendo a Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

Tudo começou em 5 de julho de 2022, quando o menino de 12 anos fraturou os ossos rádio e ulna, do antebraço esquerdo, após cair em uma aula na quadra de esportes da Escola Estadual Militar Tiradentes ‘Loiurson Rodrigues Benevides’, em Várzea Grande. Segundo a denúncia da mãe do aluno, cujos nomes serão resguardados, o menino não recebeu atendimento médico, o professor teria minimizado o caso e ele ainda teve de aguardar até o fim da aula, por volta de meio-dia para ser liberado das atividades escolares.

Conforme a narrativa da advogada do caso, Antônia Torres Bispo, o garoto só foi encaminhado para uma unidade de saúde por volta das 18h, quando perceberam que a dor não cessava e que poderia ser algo mais grave. O exame de raio-X comprovou as fraturas. Foi necessária uma cirurgia.

Desde então, ele passa por fisioterapia para recobrar o movimento no braço que, após 53 sessões, não foi restabelecido. O adolescente, inclusive, pode ter que sofrer a segunda cirurgia.

O garoto seguiu estudando na escola, com laudo médico indicando as limitações e os cuidados, especialmente nas aulas de educação física.

Neste novo ano letivo, em 28 de fevereiro, na mesma disciplina ministrada por outro professor, o aluno apresentou o laudo, mas, segundo a advogada da família, tal educador físico ignorou o documento de saúde.

Em razão disso, o menino teria passado por bullying promovido por colegas de turma, sendo chamado de “braço torto”, “aleijadinho” e “magricelo”.

A mãe do aluno avalia que a escola falhou, por meio da coordenação, na orientação do professor sobre o caso, de forma a minimizar tal situação vexatória, colocando o adolescente em situação de bullying. Aponta despreparo do professor e uma segunda falha da unidade escolas, já que a primeira teria sido a ausência de socorro.

Ao Leiagora, a mãe do estudante se disse triste com toda a situação e aponta que o filho teria tido o futuro prejudicado. “Eu penso somente em meu filho, no que meu filho não pode fazer mais. Minha indignação é de tanto eu ir à escola, explicar e explicar, levar documentos e [os responsáveis] se fazerem desentendidos. Ele não pode jogar mais jogar bola, era sonho dele, não estica o braço, não tem força, não pode nem correr, ele atrofiou  os nervos da ulna, ficou encolhido, não pode fazer exercícios, sente dores, as [sessões de] fisioterapia  são três vezes semana, mais atendimento psicológico… não pode fazer nada que é de risco, porque, se ele sofrer qualquer queda, ele não se recupera”, narrou.

O laudo fisioterápico apresentado pela mãe ao Leiagora indica que o garoto está em tratamento de fisioterapia desde 13 de setembro de 2022 e "apresentou pouca melhora do quadro clínico". O documento registra que o menino está com a "força muscular e amplitude de movimento reduzidos" e que, após novo raio-X, o "achado radiológico de fratura ainda em fase de consolidação óssea, ficando, assim, restrito de atividades que demandam grande esforço e carga no membro".

Após o episódio de fevereiro deste ano, a família transferiu o aluno para nova escola e ele deixou de seguir a educação militar que, segundo a advogada, era sonho de carreira. 

A família move uma ação judicial contra a Seduc.

O outro lado

Procurada pelo Leiagora, a Seduc-MT apenas respondeu estar “ciente da ação”, mas que, “como  se trata de demanda judicializada, as informações e documentos acerca dos fatos serão prestados pela Procuradoria Geral do Estado (PGE-MT) no bojo do processo judicial”.

Questionada acerca dos procedimentos padrões em caso de ferimento em uma unidade escolar estadual, a orientação repassada é de que é necessário “acionar primeiro o Samu e depois a família". Complementou que “os estudantes são orientados a procurar a Coordenação Pedagógica em qualquer caso de acidente, por mais simples que seja”. Não confirmou, todavia, se tal procedimento havia sido tomado na escola em tela.

Mais um caso

Quando o Portal Leiagora buscou junto à Seduc um posicionamento acerca do caso, foi informado de um segundo acidente na mesma escola no qual, dessa vez, teria havido atendimento imediato, também na aula de educação física.

No segundo caso, cujas identidades do estudante e da mãe também serão resguardadas pelo portal, trata-se de um rapaz do 3º ano do Ensino Médio que sofreu mal súbito, caiu e bateu a cabeça no chão. Segundo a nota explicativa da Seduc, uma professora acionou, de imediato, uma unidade do Samu, mas que não havia ambulância no momento. Diante disso, o jovem foi conduzido à UPA do bairro Ipase, em Várzea Grande, acompanhado pela professora e dois policiais que atuam na unidade escolar.

“O atendimento médico foi de imediato, seguido de exame de Raio X. Na sequência, a mãe XXXXXXX passou a acompanhar o filho, que não teve nada de maior gravidade, segundo o boletim médico”, complementa a informação.

Esse segundo caso está sendo acompanhado pela Diretoria Regional de Educação do Polo Várzea Grande.
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