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15/03/2023 às 17:04

Sem demarcação de terras e com avanço do garimpo indígenas convivem com contaminação da água e conflitos

Além disso, as ameaças são constantes e os povos Chiquitano e Nambikwara estão com os direitos violados

Da redação - Luíza Vieira / Reportagem local - Jardel P. Arruda

Sem demarcação de terras e com avanço do garimpo indígenas convivem com contaminação da água e conflitos

Foto: Reprodução

O conselheiro deliberativo e assessor da Federação dos Povos e Organizações Indígenas (Fepoimt), Soilo Urupe Chue, expôs as dificuldades que povos originários enfrentam pela falta de demarcação de terras e os riscos quanto à invasão do território Sararé por garimpeiros.

Soilo, que é chiquitano, revelou as entraves que implicam na não demarcação de terras pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) no Vale do Guaporé, que contempla os povos Chiquitano e Nambikwara. Com uma população de aproximadamente seis mil pessoas, o território de fronteira permeia os municípios de Porto Esperidião, Pontes e Lacerda, Vila Bela da Santíssima Trindade, Conquista do Oeste e Comodoro.

“O povo Chiquitano não tem território demarcado, tem território reivindicado, então os territórios reivindicados eles estão com fazendeiros que nós chamamos de posseiros, dentro deste território, até que conclua o processo de demarcação pela Funai, então a gente sofre todo tipo de violação de direito devido ao não respeito e a não demarcação. O processo é moroso, ele demora”, declarou o indígena.

“E no povo Nambikwara a situação é um pouco mais complicada, até porque já saiu até a nível nacional (sic), mostrando que tem um garimpo e só cresce, só aumenta esse garimpo dentro do território”.

O assessor explica que a fiscalização consegue dispersar os garimpeiros por determinado período, porém, em pouco tempo, o ciclo de desmate, contaminação de rios, e disfunção dentro do território, retorna, juntos dos maquinários, outra vez. Com o garimpo, o medo. Indígenas que não concordam com a prática são ameaçados e preferem até abandonar as aldeias.

“Tem um perímetro do garimpo que as lideranças, o próprio cacique não pode andar mais, porque eles consideram perigoso, andar na área. Eles já estão sendo ameaçados, né? Ameaça de morte mesmo, se você não aceita aí começam a perseguir. A aldeia mesmo em si não foi todo mundo né, mas as pessoas que foram ameaçadas, acabam mudando de aldeia, porque eles ficam com medo de morrer”, relatou o assessor.

No ano passado, mais de 80 maquinários usados no garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé foram apreendidos pela operação Alfeu em Mato Grosso. A Força Nacional de Segurança Pública chegou a permanecer na Terra Indígena, por mais 90 dias.

Nesta semana, barracas, penais e cocares tomaram a praça Ulysses Guimarães, em Cuiabá. Diversas lideranças indígenas se uniram para reivindicar a demarcação de suas terras, melhor qualidade na saúde e na educação nas aldeias. Trata- se do 1º Ato pela Terra em Mato Grosso.
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