O deputado federal Abílio Junior (PL) afirmou que não tem medo de que as polêmicas protagonizadas por ele na Câmara Federal, ainda mais nas oitivas da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro, possam prejudicá-lo nas eleições municipais para a prefeitura de Cuiabá em 2024. Sempre de forma irônica, o parlamentar argumenta que “cinza não queima. Um cara que já está tão queimado como eu. Quem gosta de mim, gosta”.
Abílio confia em seu eleitorado cativo, que, para ele, não vai mudar o voto por causa dessas polêmicas que ele protagoniza. Aliás, para ele, todas as vezes que interrompeu as sessões da CPMI foram embasadas em um dispositivo muito usado pelos parlamentares, a “obstrução”, uma forma “democrática” de atrapalhar o adiamento de um procedimento para ganhar tempo ou até mesmo evitar que parlamentares da oposição posam expor suas ideias.
“A esquerda sempre fez, você via sempre o Randolfe Rodrigues brigando, você via sempre o Janones fazendo essas coisas, então a esquerda sempre faz isso e a gente entende como se fosse normal da esquerda, mas a esquerda sempre faz porque o regimento sempre permitiu. Só que agora a gente está devolvendo, mas essa é a quebra de narrativas. Eles [a esquerda] estão sempre tentando construir narrativas. Se a gente não interferir, fazer o que eles estão fazendo, as narrativas serão predominantes. Na fala do Duarte mesmo, se você reparar eu não falo nada, mas as minhas expressões eu estou ali do lado dele, eu estou rindo. Não existe quebra de decoro por rir. Não existe quebra de decoro por cara de deboche”, disse o deputado.
A fala de Abílio se refere à sessão da CPMI de terça-feira (27), quando ele foi repreendido pelo próprio colega de partido, o senador Magno Malta (PL-ES). Neste dia, a CPMI realizava a oitiva de ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Jaen Laward Junior. O deputado Duarte (PSB-MA) tentou por diversas vezes fazer perguntas a Leward, porém era interrompido por Abílio que estava sentado ao seu lado fazendo cara de deboche e rindo do deputado.
No momento mais tenso da sessão, o senador Magno Malta gritou com os colegas e ainda chamou a atenção de Abílio dizendo: “Eu tenho que gritar? Estou na escolinha?”.
Abílio explica que essa tática de atrapalhar os colegas foi premeditado. “Nós estamos numa semana que está tendo muita festa de São João no Nordeste. Então os deputados naquele dia estavam com as passagens compradas pra sair na hora do almoço. Cada um queria falar os seus cinco minutos e vazar pro aeroporto. Então, a nossa ideia era que se a gente atrapalhasse, eles iam ou pro avião pra pegar o São João ou perder o avião, aí a gente ia ficar com o tempo livre depois deles só pra falar da direita. A maioria foi embora e deixou a gente lá sozinho na pauta”, disse o deputado sorrindo.
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