O Prefeito de Sinop, Roberto Dorner (Republicanos), afastou temporariamente a secretária municipal de saúde Daniela Galhardo, investigada por envolvimento no esquema de fraudes que desviou mais de R$ 87 milhões da pasta. O gestor municipal ainda diz colocar a mão no fogo sempre pelos secretários. A declaração foi dada em entrevista coletiva à imprensa sobre a Operação Cartão-Postal desencadeada pela Polícia Civil, nesta quinta-feira (19).
Mesmo com rombos milionários, após ser questionado sobre a operação, o prefeito garantiu ter sido pego de surpresa e que a prefeitura não deve nada, pois não admite corrupção.
“Há prefeitura não tem nada haver com isso, é uma empresa que presta serviço para o município e está sendo investigada. Como vamos saber se ela tem maracutaia lá fora para conseguir entrar aqui ou não? Nós não temos esse poder e nem podemos fiscalizar essa parte porque não cabe a nós. Se eles vem e colocam um preço superfaturado, a gente pensa que tá caro, mas não tem outro que faz um preço melhor aí tem que pagar, principalmente na Saúde… Mas vamos aguardar, colaborar com a justiça e vamos tomar providências com os culpados”, garantiu o gestor.
Apesar de defender seus secretários, Dorner decidiu afastar temporariamente a secretária de saúde até que as investigações sejam concluídas.
“Ela veio chorando, dizendo que não devia nada. Então se não deve nada não precisa temer, vai ser afastada e se for inocente volta para o cargo. Ela é competente e eu coloco a mão no fogo sempre sobre meus secretários… Se tiver alguma coisa errada contra eles, eles quem vão pagar pelos atos, sou muito sincero, não aceito corrupção.”, ponderou.
Operação
A Operação Cartão-Postal, foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (19), com objetivo de apurar fraudes que ocorrem desde junho de 2022 na gestão de Saúde de Sinop (a 476 km de Cuiabá). Entre os alvos da ação está o ex-secretário de Cuiabá, Célio Rodrigues da Silva, a secretária municipal de Saúde do município, Daniela Galhardo e mais 32 integrantes da organização.
Segundo a Polícia Civil, as atividades eram realizadas por uma quadrilha bastante estruturada, com clara hierarquia, divisão de tarefas entre seus componentes e que teria um sofisticado esquema de atuação em conexão com o Poder Público Municipal.
A associação agia de modo consistente à prestação do serviço de saúde na cidade, para auferir lucro e realizar diversos repasses financeiros aos líderes do esquema.
Foi verificado que, a organização social que hoje gerencia a pasta da Saúde de Sinop teria sido especialmente ajustada para assumir a prestação do serviço de forma precarizada, tendo em vista diversas alterações formais que aconteceram em sua composição no mesmo período em que disputava a dispensa de licitação para assumir tais atividades, entre maio e junho de 2022, o qual voltou a vencer dispensas de licitação ocorridas entre outubro e novembro de 2022 e entre abril e maio de 2023, de modo que continua a atuar na cidade até hoje.
O Poder Judiciário ordenou ao Município que avalie, no prazo de 10 dias, a possibilidade de rescisão contratual com a organização social, bem como a apresentação de minucioso relatório dando conta de todas as irregularidades eventualmente praticadas por essa organização social.