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12/11/2023 às 13:35

SEGUNDO DIA DE PROVA

Enem vai além de estudantes: jovens da fé e ambulantes vão para local de prova

Com o calorão, água foi o item mais procurado, mas teve também que buscou respaldo nas orações para fazer uma prova com mais tranquilidade

Da Redação - Alline Marques / Reportagem local - Eloany Nascimento

Enem vai além de estudantes: jovens da fé e ambulantes vão para local de prova

Foto: Eloany Nascimento / Leiagora

O calor de quase 40º neste domingo (12) foi um incentivo a mais para que os ambulantes fossem para a porta da Unic, principal pólo de provas do Enem na capital, para vender, principalmente, água e refrigerante enquanto os alunos aguardavam a abertura dos portões. Mas têm quem foi distribuir fé e oração aos jovens que vivem um dia importante de suas vidas. 

Assim como em provas de concurso, o Enem também é visto como uma oportunidade de negócios para os ambulantes, que aproveitam para vender até mesmo canetas para aqueles que esquecem do item essencial ou apenas querem garantir uma caneta extra para a prova. No valor de R$ 3 uma BIC, muitos estudantes nem se preocuparam com o valor inflacionado, já que é possível achar o mesmo item por um preço bem mais acessível.

O que para Elizângela Delgado de Moura, 46 anos, é ótimo, já que ela trabalha há 18 anos como vendedora ambulante e é sua única fonte de renda.  Além do Enem, ela aproveita todos os concursos para vender. Sem carteira assinada, mãe solteira, com cinco filhas para criar, ela usa a renda que conquista com as vendas para dar conta da carga e ainda divide com a mãe. 

“Tem 18 anos que eu trabalho com Enem e todos os concursos, porque eu não tenho carteira assinada e é um meio que faço para ganhar um dinheiro extra, sustentar a família. Eu tenho cinco filhas e quando eu comecei a vender estava trabalhando aqui na faculdade mesmo, era um meio de dinheiro extra, e continuei vendendo”, declarou. 

Segundo ela, dependendo da venda é possível tirar até mesmo o valor de um salário mínimo, mas adianta que neste domingo, a venda foi mais fraca do que o esperado. Ela estava na porta da Unic vendendo água, caneta, chocolate e refrigerante. 

Além dela, Eraldo Matias, de 60 anos, também foi para frente da instituição vender salgados. Ele já tem um ponto fixo para a venda dos produtos há 10 anos. Esta é a segunda vez que ele trabalha no Enem. “É uma coisa rápida para mim e é bom, porque eu já tenho outra renda, então dá para suprir os gastos e a gente aproveita a oportunidade. O calor é insuportável, mas a gente tem que agir, depois que esfriar não dá”, comentou, lembrando que no domingo, ao invés de descansar, vai carregar pedra mais uma vez. “É uma oportunidade a mais”. 

Erlida Gucione, 63 anos, relata que trabalha como ambulante há 30 anos, mas não tem um ponto fixo, ela atua conforme a oportunidade e não esconde também que não possui o alvará, o que acaba dificultando que se firme em um só lugar. Já trabalhou em portas de escolas, mas foi pega pela fiscalização. Por outro lado, conta que possui um benefício que foi deixado pelo pai como renda fixa, mas não é suficiente, por isso trabalha com as vendas para ter um extra. 

“Eu to com 30 anos que trabalho com isso. Já trabalhei no Maria Adipina (escola), não tenho alvará, então uma vez o fiscal me tirou de lá e fui para outros lugares, não é minha renda fixa, eu tenho um benefício que meu pai me deixou, mas é pouco. Mas eu vou mudando alguns pontos, mas a pandemia me desestruturou”, revelou ao Leiagora

Mas Erilda não se deixa abater pelas adversidades da vida, conta com a ajuda de uma amiga que já deixou ela trabalhar em frente ao estabelecimento dela e diz que “levando a vida”. “Saúde eu tenho e muita força de vontade de trabalhar”, finaliza com otimismo. 

Só que nem só de comida, bebidas ou canetas vive um estudante de Enem. Alguns se apegam à fé para garantir mais serenidade na hora de fazer a prova. E pensando em levar um pouco de conforto com a palavra de Deus, Lucas Arruda, 21 anos, membro do movimento religioso Pocket, reuniu os amigos e foi para porta da Unic oferecer oração para os estudantes. Ele é voluntário do movimento e fala um pouco do que é o grupo e neste domingo a intenção foi oferecer “água, oração, um abraço e não pode faltar Jesus no coração”. 

“O pocket é um movimento dentro das universidade que traz Jesus, sabemos que dentro das universidades tem muita ansiedade, depressão e estamos estabelecendo o reino de Deus dentro das universidades. Estamos aqui desde as 10h, oramos para muitas pessoas, vemos Jesus se manifestando na vida das pessoas, e claro essa galera que vai fazer a prova vai dar tudo certo. É um momento que todos ficam ansiosos, vem pensamentos negativos, estamos aqui para neutralizar e incentivar a fazer a melhor prova delas”, relatou ao Leiagora.
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