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11/02/2024 às 10:38

INOVAÇÃO DO SAMBA

Do chicote ao camarote: como Carnaval foi de festa reprimida a megaespetáculo

As escolas de samba transformaram a música do Carnaval e a geografia do Rio de Janeiro

Da BBC News Brasil em São Paulo

Do chicote ao camarote: como Carnaval foi de festa reprimida a megaespetáculo

Desfile da Imperatriz Leopoldinense no Rio, que foi campeã em 2023

Foto: Reuters/Ricardo Moraes

 
Nos primórdios do Carnaval no Brasil, a autoridade máxima da República assistiu a uma apresentação que tinha como enredo A corte de Belzebu.
 
Nos festejos de 1911, o grupo Ameno Resedá exibiu ao presidente Hermes da Fonseca uma alegoria do inferno ilustrada por demônios, chifres, rabos e tridentes.
 
"O presidente, segundo os testemunhos, gostou do que viu e julgou a experiência nas profundas do capeta como algo mais tranquilo do que o exercício do poder federal", narram o historiador Luiz Antônio Simas e o jornalista Fábio Fabato em Para tudo começar na quinta-feira: o enredo dos enredos.
 
Os governantes do passado podiam se divertir no Carnaval, mas desde os primórdios da tradição no Brasil já se revelavam atritos e tentativas de disciplinar a festa. E foram africanos e seus descendentes - justamente os principais responsáveis pela originalidade do Carnaval brasileiro - que mais sofreram com o ímpeto controlador.
Cadeia ou chibatada
Desde o século 18, escravos produziam no Rio bolas de cera usadas no entrudo, festa europeia dos tempos pré-Cristianismo e considerada uma das precursoras do Carnaval.
 
Em 100 anos de Carnaval no Rio de Janeiro, o sambista e escritor Haroldo Costa conta que os limões-de-cheiro, como se chamavam os artefatos, eram enchidos com água ou urina e atirados pelos foliões uns nos outros.
 
Autoridades imperiais proibiram a prática e reservaram as penas mais severas para escravos infratores: em 1857, um delegado determinou que eles deveriam sofrer cem chibatadas ou passar oito dias na cadeia se violassem a regra.
 
Mesmo assim, o entrudo sobreviveu e foi se misturando com outras tradições, como as procissões católicas portuguesas, e práticas que chegavam ao Rio vindas principalmente do Nordeste, entre as quais as congadas, os autos de Natal, os afoxés e as lapinhas. O Carnaval carioca estava sendo gestado.
Inovação do samba
Depois da abolição da escravatura, em 1888, e da proclamação da República, no ano seguinte, a então capital federal inchava com levas de migrantes - muitos deles ex-escravos em busca de trabalho.
 
Moradores novos e antigos paravam nos primeiros carnavais do século 20 para assistir aos ranchos, primeiros grupos a desfilar com mestre-sala e porta-estandarte.
 
Até então, diz o historiador Luiz Antônio Simas, "não havia nada de verdadeiramente original no Carnaval do Rio, um amálgama de manifestações de várias culturas".
 
O pulo do gato ocorreu nos anos 1930 com as primeiras competições entre grupos de sambistas que surgiam em morros e subúrbios de maioria negra.
 
A partir dali adotava-se como trilha sonora principal da festa o samba urbano, nascido no Rio décadas antes.
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