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30/03/2024 às 13:13

CÁRIES E DORES

Como era a saúde bucal de Dom Pedro I e esposas

Restos mortais dos três estão em cripta em São Paulo e são estudados por pesquisa da USP desde 2012; ossada também revela que imperador caiu do cavalo ao menos duas vezes

Leiagora

Como era a saúde bucal de Dom Pedro I e esposas

Aproximação facial de Dom Pedro I, D. Leopoldina (primeira esposa) e D. Amélia (segunda esposa); obra para tese de doutorado de Valdirene Ambiel

Foto: Rodrigo Avila/Reprodução

Cáries, quedas de dentes e dores na boca fizeram parte dos últimos anos de vida do primeiro imperador do Brasil, Dom Pedro I, e de suas duas esposas, no século 19. Os restos mortais dos personagens da realeza permanecem em uma cripta do Monumento à Independência, em São Paulo, e foram analisados em uma pesquisa arqueológica da USP iniciada em 2012.

Os primeiros resultados da tese de doutorado da historiadora e arqueóloga Valdirene Ambiel foram divulgados em 2023, sob orientação do professor Carlos Augusto Pasqualucci. Os estudos se aprofundaram nos “pacientes”, nas doenças que tinham e nos tratamentos feitos até a morte.Ao g1, a arqueóloga ressaltou que as três ossadas passaram por uma bateria de exames, como tomografias, que revelaram doenças ósseas e calcificação por traumas. Imagens em 3D das arcadas dentárias e das ossadas ajudaram também a desmentir lendas urbanas, como a causa da morte da imperatriz Leopoldina e o suposto nariz quebrado de Dom Pedro I.

Recriação de rostos

Recriar o rosto do imperador e das esposas foi possível a partir de 20 mil imagens feitas com os restos mortais, além de referências em pinturas. O g1 obteve imagens em 3D de simulações da dentição (veja abaixo).

“O estudo odontológico deu uma pequena ideia de como era a saúde bucal no início do século XIX. Os dados levantados pelos odontos contribuíram na interpretação de determinados problemas de saúde que eles apresentaram, além de auxiliar no contexto das expressões identificadas pela antropometria [estudo das medidas do corpo] na etapa de aproximação facial”, disse Valdirene.

O dentista André Kerber, um dos profissionais que analisaram a arcada de Dom Pedro, detalha que foram encontrados desalinhamentos, cáries tratadas nos dentes posteriores, trauma nos dentes anteriores e evidências de hábitos de mastigação frequente por apenas um lado da boca.

A investigação da estrutura do crânio, segundo o especialista, revelou características associadas a hábitos de respiração bucal e que o imperador apresentava desvio de septo à esquerda, o que poderia causar desconforto respiratório, principalmente deitado, mas sem fraturas em vida.

Tuberculose

Dom Pedro I do Brasil também era Dom Pedro IV de Portugal. A figura histórica morreu aos 35 anos e foi sepultada em 1834, em Portugal. A autópsia apontou a causa como tuberculose. Ele media entre 1,60m e 1,73m. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente 10,6 milhões de pessoas adoeceram de tuberculose em 2022. O Brasil apresenta um terço dos casos nas Américas. Em 2022, o país registrou 81 mil casos novos da doença e cerca de 5.800 mortes.A historiadora afirma que Dom Pedro I sofreu acidentes com cavalos em 1823 e 1829. As análises de tomografias feitas pelos médicos Marcelo Bordalo, Luiz Roberto Fontes e Sérgio José Zeri Nunes encontraram fraturas nas costelas antes da morte.

As marcas nos ossos são apontadas como, provavelmente, causadas pelas quedas, mas que não o levaram à morte.

Em 2012, o corpo estava totalmente no esqueleto, sem sinais de tecidos. No crânio, havia uma incisão que indicava a retirada do encéfalo durante a autópsia. Outras marcas nas costelas pós-morte podem ter sido feitas com lâmina para a retirada do coração. O órgão está guardado em um recipiente de vidro e conservado em formol na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, na cidade do Porto, em Portugal, e chegou a ser emprestado ao Brasil, em 2022, em comemoração aos 200 anos da IndependênciaFoi verificado um sinal de fratura no osso nasal esquerdo. No entanto, o estudo acredita que ocorreu depois da morte, durante exumação ou no transporte do imperador de Portugal para o Brasil, em 1972.

 
G1
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