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17/04/2024 às 17:38

OPERAÇÃO DIAPHTHORA

O que se sabe sobre ação que mirou delegado acusado de liderar ‘gabinete do crime’ no interior de MT

Titular da delegacia de Peixoto de Azevedo, Geordan Fontenelle foi preso por esquema de corrupção passiva na manhã desta quarta-feira (17)

Amanda Garcia e Kamila Arruda

O que se sabe sobre ação que mirou delegado acusado de liderar ‘gabinete do crime’ no interior de MT

Foto: Reprodução

Propina recebida do sobrinho do ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, e “mesada” de Coorporativa de Garimpeiros estão entre as ações investigadas pela Polícia Civil contra o delegado Geordan Fontenelle. As informações constam na decisão que decretou a preisão preventida do delegado, expedido pela juíza Paula Thatiana Pinheiro, da 2ª Vara de Peixoto de Azevedo.

Ele foi preso na manhã desta quarta-feira (17), alvo da 
Operação Diaphthora, e é  considerado líder de um ‘gabinete do crime’ instalado na delegacia do município. 

Além disso, conforme o documento, Geordan ainda teria recebido, conjuntamente com o investigador de polícia Marcos Paulo Angeli, R$ 15 mil de uma vítima de golpe para reaver um veículo e ainda cobrado de fiança R$ 10 mil de um custodiado.

As investigações iniciaram após denúncias recebidas no Núcleo de Inteligência da Corregedoria Geral, que apontavam o possível envolvimento de policiais, advogados e garimpeiros da região em situações de vantagens indevidas, advocacia administrativa e assessoramento de segurança privada por autoridade policial. O grupo foi descoberto por meio de interceptações telefônicas captadas do telefone fixo instalado no gabinete do delegado.

“Após a implementação e retirada do dispositivo pela equipe de Inteligência da Polícia Judiciária Civil, descobriu-se que o gabinete do representado funcionava, na verdade, como verdadeiro "gabinete do crime", local no qual o representado fazia reuniões de portas fechadas para tratar de solicitações de vantagens indevidas aos empresários que atuam no ramo do garimpo”, diz trecho do documento.

Ao todo, foram cumpridos os mandados de prisão contra Geordan e Marcos, sete de busca e apreensão e três medidas cautelares, totalizando 12 alvos. Eles devem responder por
 esquema de corrupção passiva, associação criminosa, advocacia administrativa e assessoramento de segurança privada.


Sobrinho de Silval

Consta no documento que em 2022, Geordan teria recebido uma caminhonete L200 do sobrinho do ex-governador Silval Barbosa, Antônio da Cunha Barbosa Neto. À época, o veículo foi transferido para o nome da esposa do delegado como parte de um pagamento de propina.

“Tempos depois o representado DPC Geordan chegou à Delegacia dirigindo uma camionete Mistubishi MMC/L200 Triton Savana [...] que ainda estava em nome de Antônio da Cunha. Contudo, numa atitude completamente estranha, no dia 17/10/2022, houve a comunicação de venda e, consequentemente, a transferência de propriedade desse veículo para Letícia Cristina de Souza Araújo, esposa do DPC Geordan”, aparece na decisão da juíza.

Mesada

De acordo com as investigações, a Polícia Civil demonstrou preocupação com uma mesada de R$ 2 mil mensais recebida da Cooperativa de Garimpeiros COOGAVEPE, alvo da Operação Hermes II. O valor tido como ‘irrisório’ foi registrado em virtude da intervenção da Polícia Federal e do IBAMA, após a empresa ter os bens bloqueados após ser alvo de investigação.

Consta que, da mensalidade, a entidade assistencial APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) era contemplada com R$15 mil mensais, enquanto para o gabinete do crime, ‘apenas dois’.

 
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