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26/09/2018 às 12:30

?Hoje é um dia de comemoração, mas principalmente de luta?, diz Túlio Gontijo, sobre o Dia Nacional do Surdo

Maisa Martinelli

No Dia Nacional do Surdo, comemorado nesta quarta-feira (26), o LTV recebeu o intérprete e tradutor de Libras, Túlio Gontijo, para falar sobre o quadro atual desse público.

O profissional explica que a celebração teve início por conta da criação do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos), fundado no dia 26 de setembro de 1857. ?A Feneis, que é a Federação Nacional dos Surdos, escolheu essa data como um marco legal da educação dos surdos e, consequentemente, o Dia Nacional do Surdo?, explica.

Com quase 6% de população surda no país, Gontijo conta que, segundo o IBGE de 2010, há cerca de 128 mil pessoas com algum tipo de deficiência auditiva em Mato Grosso, que pode ser unilateral, bilateral e o profundo (surdez). Embora muitas pessoas referem-se às pessoas que não escutam como surdo-mudo, ele esclarece que o termo correto é ?surdo?. ?A expressão ?surdo-mudo? é preconceituosa, a comunidade surda não gosta de ser chamada assim?, informa.

O tradutor e intérprete explica a diferença entre surdez e mudez. ?A maioria dos surdos emite algum tipo de som, não tem nenhum tipo de problema no aparelho fonador, e ele só não fala porque ele não ouve?, afirma. Já a mudez se diferencia porque a pessoa não possui esse aparelho, então não emite nenhum tipo de som, ou então a mudez psicológica, decorrente de algum trauma.

Túlio admite que, mesmo que lentamente, a legislação brasileira já conta com alguns avanços, com a promulgação da Lei 10.436/02, que oficializou a língua para a comunidade surda, e o Decreto 5.626/2010, que tornou obrigatória a disciplina de Libras no Ensino Superior.  Ele conta que o primeiro curso Letras/ Libras foi criado em 2006 no Brasil. Já em Mato Grosso, a criação se deu em 2014 na UFMT.

Natural de Goiás, ele acredita que o estado mato-grossense ainda não possui o progresso necessário. ?Eu vejo que Mato Grosso ainda está um pouco atrasado, a quantidade de profissionais qualificados em Mato Grosso ainda é escassa, há pouca informação e a quantidade de surdos ingressos na faculdade também ainda é menor que o esperado?, alega.

Ainda sobre o cenário estadual, Gontijo disse que o assunto precisa ser mais discutido, pois ainda não há iniciativas suficientes para falar sobre isso. ?Falta um pouco de gestão, um pouco do político pensar mesmo nessa quantitativa de pessoas que necessitam de um olhar específico para a acessibilidade?, afirma.

Além disso, Gontijo acredita que o preconceito que as pessoas deficientes auditivas sofrem, bem como os profissionais de Libras, acontece por conta da falta de informação. Um exemplo disso, segundo ele, é que as pessoas confundem a língua com mímica, e até mesmo com braile. ?A sociedade precisa se informar um pouco?, argumenta.

Túlio, que começou a aprender a Língua de Sinais durante um relacionamento com uma pessoa surda, conta que é preciso difundir essa linguagem, para que mais pessoas aprendam.

Ele explica ainda que a própria sociedade pode denunciar qualquer tipo de abuso, ou caso tenha seus direitos ceifados, entrando em contato com o apoio da Federação das Associações dos Tradutores e Intérpretes (Febrapils), por meio do Ministério Público.

Para celebrar o Dia do Surdo, haverá eventos especiais na Universidade Federal de Mato Grosso(UFMT). ?Hoje é um dia de comemoração, mas principalmente de luta?, conclui.

Para quem tiver interesse em aprender e atuar na área, há um curso de extensão na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), além de cursos regulares no Casies, Senai e Senac.

https://www.youtube.com/watch?v=NGMD8KoN6uM&feature=youtu.be

Direto da Redação, Maisa Martinelli

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